Policiais de São Paulo doam prêmio de loteria para custear cirurgia de criança

Isabela Diringer nasceu com malformação no intestino e precisa de cirurgia que custa R$ 500 mil; policiais ganharam o valor em bolão da mega-sena
JC Online
Publicado em 05/01/2017 às 9:00
Isabela Diringer nasceu com malformação no intestino e precisa de cirurgia que custa R$ 500 mil; policiais ganharam o valor em bolão da mega-sena Foto: Foto: Glaucia Marina Ramos Diringer/Arquivo Pessoal


Ganhar na loteria é um sonho para muitos. Um grupo de policiais do Batalhão de Santo André, no ABC Paulista,
São Paulo, foi contemplado com o prêmio em um bolão e decidiu doar parte do que foi ganho, cerca de R$ 3 mil para ajudar no pagamento da cirurgia de uma menina de 12 anos.  Isabela Diringer nasceu com gastrosquise, uma malformação  em que o intestino se desenvolve fora do corpo. Ela sempre precisa ser hospitalizada e nunca pode comer normalmente. A cirurgia, que deve ser feita na Inglaterra, tem um custo total de R$ 500 mil. 

Um dos policiais militares visitou Isabela no hospital para entregar o comprovante da doação. No vídeo feito pelo policial militar Ricardo dos Santos, ela agradece pelo valor doado e pede que Deus os abençoe.

“Vim aqui pra trazer pra família da Isa esse comprovante, demonstrando carinho, amor que a Polícia Militar tem para com os nossos. Quero agradecer também aos colaboradores. Aos mais de 200 policiais militares e os civis, que juntos, concordaram em dar esse presente pra ela”, declara. A menina pega o comprovante e os dois se abraçam. No vídeo, a mãe da Isa, a cabo Glaucia Marina Diringer, agradece a doação. “Muito obrigada e que Deus abençoe vocês”, diz.

A cabo Gláucia Marina Ramos Diringer, mãe da menina, conta que sonha em dar à filha mais velha uma vida normal e, para isso, começou uma mobilização na cidade de Mogi das Cruzes.

 

O caso

Policiais militares de Mogi das Cruzes, São Paulo, decidiram criar uma campanha para ajudar a cabo Gláucia Marina Ramos a arrecadar os R$ 500 mil necessários para custear a cirurgia da filha na Inglaterra. Isabela Diringer,12, tem o intestino mais curto, com apenas 17 centímetros, e nunca pode se alimentar normalmente. Aos 12 anos, ela tem altura e desenvolvimento neurológico de uma criança de 6 anos. Os policiais distribuíram vídeos e áudios com a mãe pedindo socorro para a menina na última vez que ela precisou ser hospitalizada e pedem ajuda para a cirurgia. Para dar a ela os cuidados necessários, a mãe até fez um curso de enfermagem.

“Nessa técnica da Inglaterra, o médico abre o intestino e reconstrói a vascularização. O médico deu 92%  de chance de eliminar a alimentação parenteral (via intravenosa) e o catéter. Teve uma menina de Aracajú (SE) que foi para lá e fez, conseguindo aumentar o intestino e hoje tem uma vida normal”, afirma Gláucia no site Ajude Isa, criado para reforçar a mobilização.

Reforço

Além dos policiais militares, quem também abraçou a causa foi o o almoxarife David Pereira de Castro, que fez o parto da própria filha com a ajuda da mãe de Isabela. A cabo Gláucia deu as orientações para a realização do parto da pequena Laura Oliveira de Castro,  por telefone, por meio do atendimento pelo 190.

Citando a policial como "anjo da guarda" da filha, Castro relatou que, apesar de já ter três filhos, nunca tinha visto um parto na vida. Ele estava trabalhando quando a esposa ligou e disse que tinha rompido a bolsa. Os dois estavam na garagem de casa quando ela começou a sentir fortes contrações e falou que não tinha condiçoes de entrar no carro. Então, David ligou para o 190 e foi atendido pela policial militar, que tem formação em enfermagem e durante todo o tempo, a policial orientava o pai sobre o procedimento.

PM - “Segura. Tá vindo o bebê?”
Pai - “Tá, tá. A cabecinha está para fora.” 
PM- “Então, pede para ela fazer força David.”
Pai - “Faz bastante força, Silene.”
PM - “Faz força. Quando vier a contração faz força.”
Pai – Faz força, Silene. Pelo amor de Deus! Tá saindo! Faz força, tá quase saindo Silene. Por favor...”

Enquanto o pai fazia o parto, acionava o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o Corpo de Bombeiro e viaturas da Polícia Militar para ajudarem no procedimento. Laura nasceu com 3,100 kg e 47 centímetros.

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