Após chacina em presídio, peritos do Amazonas prometem parar IML

Peritos do Amazonas prometem interromper por tempo indeterminado o trabalho no IML, responsável por reconhecer os corpos de presos mortos no massacre em presídio
Estadão Conteúdo
Publicado em 06/01/2017 às 8:13
Peritos do Amazonas prometem interromper por tempo indeterminado o trabalho no IML, responsável por reconhecer os corpos de presos mortos no massacre em presídio Foto: Foto: Reprodução/Google Street View


Peritos criminais do Amazonas prometem interromper o trabalho no Instituto Médico Legal (IML), responsável por reconhecer os corpos de presos mortos no massacre do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, a partir da manhã desta sexta-feira (6).

"Nós vamos fazer uma paralisação por tempo indeterminado, com indicativo de greve", afirmou André Segundo, presidente em exercício do Sindicato dos Peritos Oficiais do Estado do Amazonas (Sinpoem). Procurada, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) não se pronunciou sobre o assunto.

De acordo com Segundo, a paralisação vai ser iniciada às 9h em Manaus, ou 11h, no horário de Brasília, e será votado o indicativo de greve no Estado pelos peritos criminais. A categoria reivindica reunião com o governador José Melo (PROS) para discutir a reestruturação da carreira, além de melhorias nas unidades de trabalho e a destituição de diretores dos Institutos e do Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC) do Amazonas. "Em dias normais, muitas vezes é o perito que adquire o próprio material de trabalho. Isso só muda quando em casos de repercussão, e por pouco tempo."

"Hoje, com o mutirão, há colegas trabalhando o dia inteiro para reconhecer os corpos", disse o presidente do Sinpoem. "No Estado, são 180 peritos, mas o número reduz a cada ano. Deveriam ser entre 500 e 600 para fazer um trabalho de qualidade."

Ao todo, 34 das 56 vítimas de chacina foram liberadas

O IML de Manaus liberou mais 16 corpos de presos assassinados no massacre nesta quinta-feira, 5, segundo a SSP-AM. Ao todo, 34 das 56 vítimas foram liberadas, e 46 reconhecidas. Em nota, a secretaria afirma que o reconhecimento dos corpos segue padrões internacionais de identificação de vítimas.

"Dentre as metodologias cientificamente reconhecidas estão: papiloscopia forense (identificação por impressão digital), odontologia legal e Exame de Genética Forense (DNA). Apenas um corpo ainda não passou por exame de DNA, de acordo com a pasta.

Em entrevista coletiva, o diretor do DPTC do Amazonas, Jefferson Mendes, defendeu os trabalhos realizados até o momento. "Essa é uma das melhores equipes do País e temos insumos necessários para identificação de todos", afirmou. "A equipe tem se dedicado bastante nessa missão."

Cerca 60 peritos já haviam participado de uma manifestação em frente ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) nesta quinta, onde a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia, se reuniu com representantes do Judiciário e do governo do Amazonas.

 

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