A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça, 6, a Operação Cravada para desarticular o núcleo financeiro do Primeiro Comando da Capital, o PCC, que, segundo a PF, era responsável pelo recolhimento, gerenciamento e emprego de valores "para financiamento de crimes" em diferentes Estados do País. O balanço parcial da operação aponta que a PF fez 28 prisões - oito delas em presídios e duas em flagrante, durante a realização de buscas. De acordo com a PF, o grupo movimentava de R$ 800 mil a R$ 1 milhão por mês.
Cerca de 180 Policiais Federais cumprem 85 mandados - 55 de busca e apreensão e 30 de prisão - em sete estados - São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Acre, Roraima, Pernambuco e Minas Gerais. As ordens foram expedidas pela Vara Criminal de Piraquara, no Paraná. Em Pernambuco, foi cumprido um mandado de busca e apreensão em Caruaru, no Agreste.
Das 30 ordens de prisão, oito são cumpridas em presídios - três em São Paulo, um no Mato Grosso do Sul e quatro no Paraná.
No Paraná as ordens são cumpridas nos municípios de Curitiba, São José dos Pinhais, Paranaguá, Centenário do Sul, Arapongas, Londrina, Umuarama, Pérola, Tapejara, Cascavel e Guarapuava.
Já em São Paulo, os policiais cumprem mandatos em Praia Grande, Itapeva, Osasco e Itaquaquecetuba, Hortolândia, na capital paulista e no presídio de Valparaíso.
Nos outros Estados, a ação é realizada nas cidades de Uberlândia (MG), Rio Branco (AC), Boa Vista (RR), Caruaru (PE) e Dourados (MS).
A ação tem apoio do Ministério Público do Estado do Paraná, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado de São Paulo, do Departamento Penitenciário Federal, da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo e da Polícia Militar de SP.
Segundo a PF, a investigação teve início em fevereiro deste ano, com base em informações sobre a existência de um núcleo financeiro da facção criminosa na Penitenciária Estadual de Piraquara, no Paraná.
A apuração constatou que o núcleo financeiro da facção é responsável por recolher e gerenciar as contribuições para a organização em âmbito nacional. Para dificultar o rastreamento do dinheiro, os pagamentos, chamados de "rifas", eram repassados à organização por meio de diversas contas bancárias e de maneira intercalada, apontou a Polícia Federal.
De acordo com a PF, a investigação indica que cerca de R$ 1 milhão circulavam nas contas ligadas à facção por mês.
A investigação identificou e bloqueou mais de 400 contas bancárias suspeitas em todo o país. Os valores que transitavam entre tais contas eram utilizados "para pagar a aquisição de armas de fogo e de entorpecentes para a facção, além de providenciar transporte e manutenção da estadia de integrantes e familiares de membros da organização em locais próximos a presídios", indicou a PF.
A Polícia Federal informou que os investigados podem responder pelos crimes de Tráfico de Entorpecentes, Associação para o Tráfico, Organização Criminosa, entre outros.
Segundo a Polícia Federal, o nome da operação faz referência a uma jogada de xadrez na qual "uma peça, quando ameaçada de captura pela peça adversária, fica impossibilitada de se mover, em razão de haver uma peça de maior valor em risco".
"De igual forma, a operação deflagrada hoje visa sufocar as reações das lideranças de Facções Criminosas, atingindo os núcleos importantes de comunicação e de gerenciamento financeiro", indicou a PF.