A Petrobras lançou nessa terça-feira (14) uma série chamada "Limiar: Fronteiras do Conhecimento", com minidocumentários que mostram como é o dia a dia de quem trabalha em locais fora do comum e em condições extremas. No primeiro episódio, a série acompanhou as equipes de pesquisa da Estação Antártica Comandante Ferraz, nova base brasileira de pesquisas no continente gelado. Por lá, a temperatura pode chegar a 50°C negativos.
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A base, operada pela Marinha, recebe apoio da Petrobras por meio do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). Na estação são realizadas pesquisas científicas nas áreas ambiental, meteorológica, biodiversidade e química. O acordo permite à companhia participar de pesquisas e ter acesso a informações que possibilitam o aprimoramento dos modelos de previsão meteorológica, de ondas e correntes marinhas utilizados pela companhia.
A Estação Comandante Ferraz foi criada em 1984, mas em 2012 sofreu um incêndio de grandes proporções. Na ocasião, dois militares morreram e 70% das suas instalações foram perdidas. O governo federal investiu cerca de US$ 100 milhões na obra, e a unidade recebeu os equipamentos mais avançados do mundo para sua reinauguração, prevista para acontecer por volta das 20h30 desta quarta-feira (15), no horário de Brasília.
Ocupando uma área de 4,5 mil metros quadrados, a estação poderá hospedar 64 pessoas, segundo a Marinha. O novo centro de pesquisas vai contar com 17 laboratórios. Cientistas da Fiocruz, por exemplo, estão entre os primeiros a trabalhar na nova estação, desenvolvendo pesquisas na área de microbiologia, a partir da análise de fungos que só existem na Antártica, e no poder medicinal desses micro-organismos. A Agência Internacional de Energia Atômica (Aeia) também já confirmou que vai desenvolver projetos meteorológicos na base brasileira.
Para ficar acima da densa camada de neve que se forma no inverno, o prédio recebeu uma estrutura elevada. Os pilares de sustentação pesam até 70 toneladas e deixam o centro de pesquisa a mais de três metros do solo. Os quartos da base, com duas camas e banheiros, abrigarão pesquisadores e militares. A estação também tem uma sala de vídeo, locais para reuniões, academia de ginástica, cozinha e um ambulatório para emergências. Em todas as unidades da base foram instaladas portas corta-fogo e colocados sensores de fumaça e alarmes de incêndio. Nas salas onde ficam máquinas e geradores, as paredes são feitas de material ultrarresistente. No caso de um incêndio, elas conseguem suportar o fogo durante duas horas e não permitem que ele se espalhe por outros locais antes da chegada do esquadrão anti-incêndio.
A estação tem ainda uma usina eólica que aproveita os ventos antárticos. Placas para captar energia solar também foram instaladas na base e vão gerar energia, principalmente no verão, quando o sol na Antártica brilha mais de 20 horas por dia. O projeto de reconstrução da estação é todo brasileiro e começou a ser executado em 2017 pela empresa China Electronics Import and Export Corporation, que venceu a licitação do governo.
A companhia de engenharia precisou dividir a obra em três etapas, porque entre os meses de abril e outubro é impossível realizar qualquer atividade externa na Antártica devido ao frio intenso, às tempestades de neve e aos ventos fortes. Por causa disso, os chineses construíram os módulos na China durante o inverno e transportaram para a Antártica nos verões de 2017, 2018 e 2019, a fim de fazer a instalação.
A série sobre atuação em lugares desafiadores, da Petrobras, tem como objetivo mostrar o dia a dia em locais como a Antártica e nas áreas da produção de petróleo em águas ultraprofundas
“A ideia é apresentar onde atuamos no limiar do conhecimento humano e como a tecnologia, aliada sempre à segurança, nos levou a sermos tão eficientes mesmo em ambientes tão desafiadores”, destaca a gerente executiva de Comunicação e Marcas da Petrobras, Flavia da Justa.