No dia seguinte à operação militar argentina que retomou as Malvinas, o Reino Unido anunciou o corte das relações diplomáticas com Buenos Aires. O Brasil foi escolhido pelas duas partes para representar seus interesses através de suas embaixadas nas capitais. Na época, o embaixador brasileiro em Londres era o pernambucano Mário Gibson Alves Barboza. Ministro das Relações Exteriores no governo Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), ele havia sido um dos artífices da reaproximação do Brasil com a Argentina, que resultaria na assinatura do Tratado de Aproveitamento Hidrelétrico de Itaipu e Corpus.
“Gibson Barboza encarregou-se da proteção dos interesses argentinos no país, devido ao rompimento das relações diplomáticas entre a Argentina e o Reino Unido em virtude da Guerra das Malvinas”, afirma a publicação Personalidades da Política Externa Brasileira, parceria entre o Itamaraty, a Fundação Alexandre Gusmão e o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (Cpdoc). De acordo com o documento oficial, ele e a embaixatriz Julia Gibson conviveram por quase quatro anos com a primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher.
“Isso mostra a tendência à competição, mas não à guerra existente durante todo o século 20 entre Argentina e Brasil. A designação do Brasil a cargo dos interesses diplomáticos da Argentina em Londres é um exemplo neste sentido”, pondera o cientista político argentino Fabián Calle, professor da Faculdade de Ciências Sociais, Políticas e da Comunicação da Pontifícia Universidade Católica Argentina (UCA).
Natural de Olinda e formado em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito do Recife em 1937, Gibson Barboza morreu no dia 26 de novembro de 2007, de falência múltipla dos órgãos, no Rio de Janeiro.