WASHINGTON - A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) exigiu, nesta segunda-feira (28), do governo dos Estados Unidos explicações detalhadas por abusos cometidos no centro de detenção de Guantánamo, em especial a alimentação forçada a prisioneiros em greve de fome.
"A informação que possuímos indica que há uma violação generalizada e sistemática de direitos humanos (em Guantánamo)", declarou Rodrigo Escobar Gil, comissário da CIDH, na abertura do 149º período de audiências em Washington.
Escobar Gil afirmou que "há denúncias sobre alimentação forçada de prisioneiros em Guantánamo que estão em greve de fome. Isso fere cânones éticos e constitui tratamento desumano e cruel". "Queremos saber (...) que investigações estão sendo realizadas a respeito" e "que iniciativas foram tomadas para atender às demandas dos prisioneiros", explicou Escobar Gil.
Por mais de seis meses, reclusos de Guantánamo realizaram uma greve de fome para denunciar, segundo seus advogados, sua detenção ilimitada há 11 anos sem julgamento nem condenação e um episódio no qual os guardas da prisão revistaram vários exemplares do Alcorão de uma forma que consideraram desrespeitosa.
Segundo as autoridades americanas, que deram a greve por encerrada no fim de setembro, 106 detidos chegaram a participar deste protesto, dos quais até 46 foram alimentados à força.
"Temos informações de torturas e tratamento degradante. Mas todos os pedidos de visitas (a Guantánamo) sem condições que apresentamos foram negados. Queremos saber quando vão permitir visitas sem condições prévias", acrescentou.
Escobar Gil também pediu que a CIDH seja informada sobre "os obstáculos que restam para a transferência de prisioneiros a outros países".
O comissário lembrou que o presidente Barack Obama havia afirmado que pretendia fechar este centro localizado na baía cubana de Guantánamo durante seu segundo mandato, e pediu informações sobre os passos concretos nesse sentido.
No entanto, para surpresa geral, o representante adjunto dos Estados Unidos ante a CIDH, Lawrence Gumbiner, alegou que sua equipe não podia apresentar respostas, já que, devido ao fechamento administrativo do governo por duas semanas em outubro, não houve tempo hábil de preparar a informação para responder às inquietações.