Leopoldo López, o opositor venezuelano na mira do governo

Líder incentiva a tática de ocupar as ruas com protestos para forçar a saída do presidente Nicolás Maduro, em uma ação chamada de golpista pelos chavistas
Patricia Clarembaux
Publicado em 18/02/2014 às 6:50
Líder incentiva a tática de ocupar as ruas com protestos para forçar a saída do presidente Nicolás Maduro, em uma ação chamada de golpista pelos chavistas Foto: Juan Barreto/AFP


CARACAS - Leopoldo López, um dos líderes da oposição que apoia as manifestações estudantis na Venezuela, voltou à mira do governo e da justiça, que emitiu uma ordem de prisão contra ele, acusando-o de ser responsável pela morte de três jovens, em protesto na quarta-feira.

Com 41 anos, López, que teve sua carreira política interrompida por uma proibição de exercer cargos públicos em 2008, é um dos três líderes oposicionistas considerados radicais.

Usando o slogan "La Salida" (A Saída), López incentiva a tática de ocupar as ruas com protestos para forçar a saída do presidente Nicolás Maduro, em uma ação chamada de golpista pelos chavistas.

Esse método também gera discordância entre os próprios dirigentes da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), entre eles seu líder e ex-candidato presidencial Henrique Capriles, que adverte que "não há condições de pressionar a saída do governo".

Apesar de o governo ter revistado a casa de seus pais e a sede de seu partido, Vontade Popular, López desafiou as autoridades e assegurou no domingo que vai participar de uma passeata na terça até o Ministério da Justiça, para se entregar e "assumir essa perseguição (...) cometida pelo Estado".

Em 2008, López foi impedido pela justiça de ocupar cargos públicos, acusado de receber recursos da companhia de petróleo da Venezuela, a PDVSA - cuja gerência na época era ocupada por sua mãe, Antonieta Mendoza -, para fundar o partido opositor Primeira Justiça.

Antes dessa proibição, que termina este ano, López foi prefeito da cidade de Chacao, na região metropolitana de Caracas, entre 2000 e 2008, e foi acusado de desviar recursos do salário dos funcionários municipais.

López apelou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a sua Corte de Justiça, e ambas concluíram que houve uma violação de seus direitos.

Mas o governo manteve a condenação, impedindo sua candidatura à Prefeitura de Caracas. O cargo mais tarde foi assumido por Antonio Ledesma, outros dos incentivadores dos protestos.

Depois de ter sido expulso do partido Um Novo Tempo, o dirigente fundou o Vontade Popular em 2009, que nas eleições regionais de dezembro teve o maior número de prefeitos eleitos pela oposição. A carreira de López teve uma início promissor.

Nascido em Caracas, em 29 de abril de 1971, ele estudou Economia na Universidade de Harvard. Em 2000, com 29 anos, recebeu 51% dos votos nas eleições para a Prefeitura de Chacao, a cidade mais rica da grande Caracas, e em 2004 reelegeu-se com 81% da votação.

Em abril de 2002 foi um dos vários políticos que convocaram as manifestações que resultaram em um golpe de Estado, que afastou por pouco tempo do poder o então presidente Hugo Chávez.

Agora, suas táticas de protestos levaram Maduro a responsabilizá-lo pelos três mortos e 66 feridos nas manifestações de universitários do dia 12, em Caracas.

Nesse dia, milhares de estudantes, acompanhados por López e outros líderes da oposição, marcharam contra a insegurança, a inflação, a escassez de produtos e a prisão de universitários.

O governo afirma que a violência registrada foi causada por "grupos de ultra-direita infiltrados", que querem provocar um golpe de Estado no país.

Se sua detenção for aplicada, López terá sua carreira política interrompida novamente.

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