África é mais eficiente que a Ásia no controle do contrabando de marfim

A África do Sul tem a maior parte da população atual de elefantes, 55% dos animais registrados no continente africano
Da AFP
Publicado em 13/06/2014 às 20:48


A luta contra o contrabando de marfim foi, pela primeira vez, mais eficiente na África do que na Ásia em 2013, assegura a CITES, uma organização internacional encarregada da proteção das espécies ameaçadas.

Desde março de 2013, "na África foram feitas apreensões maiores do que na Ásia", diz o relatório sobre caça e comércio ilegais de elefantes para usar o marfim de suas presas, divulgado nesta sexta-feira pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e Flora Silvestres (CITES), segundo o qual 80% das apreensões na África aconteceram no Quênia, Tanzânia e Uganda.

"Até então, estes grandes carregamentos conseguiam sair da África antes de ser detectados", declarou à AFP Ben Janse van Rensburg, ex-oficial de polícia sul-africano que chefia a equipe de trabalho a cargo do tema no CITES.

"Agora são detectados, o que demonstra que estes países começaram a aplicar medidas para lutar contra este comércio ilegal", acrescentou.

"Não se pode combater" o comércio ilegal se a gente só atacar o início da cadeia, disse, acrescentando que ainda havia um longo caminho a percorrer.

A caça ilegal se explica por diversos fatores: pobreza, falta de vigilância eficaz, corrupção, e a forte demanda, em particular de países asiáticos, onde o marfim é usado com fins decorativos e medicinais, informou Tom de Meulenaer, especialista do CITES.

Embora a caça ilegal tenha caído significativamente em países como Chade, no entanto aumentou na República Centro-africana, segundo o informe, que incide em que algumas populações locais deste paquiderme estão à beira da extinção.

"Ainda se mata mais animais dos que nascem, assim embora a caça ilegal se estabilize no nível atual, o resultado será uma diminuição da população de elefantes", explicou Janse van Rensburg.

O informe demonstra que no ano passado, mais de 20.000 elefantes foram vítimas de caça ilegal na África, um retrocesso em relação a 2011, quando foram mortos 25.000. Em 2012, foram 22.000.

John Scanlon, diretor-geral do CITES, avaliou em um comunicado que os elefantes africanos "continuam enfrentando uma ameaça imediata à sua sobrevivência".

No começo do século XX havia 10 milhões de elefantes na África. Esta cifra caiu a 1,2 milhão em 1980 e a 500.000 atualmente, informou o CITES.

A África do Sul tem a maior parte da população atual de elefantes, 55% dos animais registrados no continente africano.

Cerca de 28% vivem na África oriental e 16%, na África central. No oeste da África restam apenas 2% dos elefantes africanos.

O comércio de marfim foi proibido em 1989 pela CITES.

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