Um cirurgião do hospital Kalinin de Donetsk, reduto dos insurgentes pró-Rússia, exibiu nesta quarta-feira imagens de uma operação para a retirada de um dardo de uma bomba de fragmentação de um ferido, apesar de Kiev negar o uso deste tipo de armamento.
"Nós operamos um ferido que foi atingido por um destes dardos no pulmão. Ele sobreviveu. Era um combatente ferido no início das hostilidades, vinha de Slaviansk", 200 km ao nordeste de Donetsk, explicou Olexander Kuznetsov, diretor do departamento de cardiocirurgia do hospital Kalinin.
O médico exibiu fotos que foram feitas durante a operação e radiografias realizadas antes da cirurgia que permitem observar claramente um dardo.
Uma das fotos, que está no arquivo virtual do hospital, mostra um dardo, retirado do corpo do paciente, segundo Kuznetsov, de quase 4 cm de comprimento, colocado sobre um pano com vestígios de sangue.
Na terça-feira, outro cirurgião do mesmo hospital afirmou à AFP que havia retirado dardos do mesmo tipo de vários feridos desde o início das hostilidades entre os combatentes pró-Rússia e as forças ucranianas, em maio.
A organização não governamental Human Rights Watch (HRW) acusou o exército ucraniano de utilizar bombas de fragmentação contra os separatistas no leste do país.
A ONG constatou um "uso reiterado de bombas de fragmentação nos combates entre as forças governamentais e os rebeldes e mais de uma dezena de lugares, tanto na cidade como no campo", afirma um relatório.
"É evidente que a HRW foi manipulada pelos terroristas" - como Kiev chama os separatistas -, declarou na terça-feira um porta-voz do ministério ucraniano das Relações Exteriores, que negou o uso de bombas de fragmentação pelas forças militares do país.