Atualizado às 12h10
A Suécia se tornou o primeiro país a reconhecer o Estado da Palestina sendo membro da União Europeia, uma iniciativa considerada "corajosa e histórica" pelo presidente palestino, Mahmud Abbas, e "deplorável" por Israel.
Segundo a Autoridade Palestina, 135 países reconhecem o Estado da Palestina, incluindo sete integrantes da União Europeia que tomaram a iniciativa antes de entrar para o bloco: República Tcheca, Hungria, Polônia, Bulgária, Romênia, Malta e Chipre.
A decisão "confirma o direito dos palestinos à autodeterminação", afirma a ministra das Relações Exteriores da Suécia, Margot Wallström, em um artigo publicado no jornal Dagens Nyheter.
"Nosso governo considera que os critérios do direito internacional para o reconhecimento do Estado da Palestina estão cumpridos: um território que, mesmo sem fronteiras fixas, conta com uma população e um governo", completa o texto.
"Esperamos que isto mostre o caminho a outros", destacou a ministra.
"O presidente Abbas comemora a decisão da Suécia, que é corajosa e histórica", afirmou o porta-voz do líder da Autoridade Palestina, Nabil Abu Rudeina.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, afirmou em um comunicado que o reconhecimento era "deplorável" e servirá apenas para reforçar os extremistas.
"O governo sueco deve entender que as relações no Oriente Médio são mais complicadas que a montagem de um móvel da Ikea (a gigante sueca dos móveis), e que deve atuar com responsabilidade e sensibilidade no assunto", completou.
Após as críticas recebidas pelo anúncio do reconhecimento no início de outubro por parte de Israel e dos Estados Unidos, que consideraram a decisão "prematura", Wallström foi direta.
"Temo que esta decisão aconteça mais tarde do que cedo".
A Suécia, que tem uma importante comunidade palestina, tomou a iniciativa em um momento no qual os esforços para solucionar o conflito palestino-israelense parecem mais uma vez bloqueados.
Abbas relacionou a frustração crescente entre os palestinos com a falta de um acordo à tensão dos últimos dias em Jerusalém.
"O presidente pede a todos os Estados do mundo que ainda tenham dúvidas sobre nosso direito a um Estado palestino independente dentro das fronteiras de 1967 e com Jerusalém Oriental como capital que sigam o exemplo da Suécia", disse o porta-voz.
Preparação do caminho
Após o anúncio da Suécia em outubro, o reconhecimento da Palestina foi debatido de maneira simbólica pela Grã-Bretanha e considerado que "chegou o momento" na França.
"É realmente difícil dizer quantos países darão o passo e seguirão a Suécia", disse Michäel Schulz, pesquisador da Universidade de Gotemburgo e especialista em conflitos.
"No que diz respeito à União Europeia, para um reconhecimento da Palestina todos os Estados devem concordar, assim é pouco provável", admitiu, antes de afirmar que a curto prazo a decisão de Estocolmo "não mudará grande coisa".
"Depois, teremos que ver a reação de Israel, se vai continuar com a política de colonização ou se fica mais prudente", completou.
"A iniciativa sueca terá um efeito diplomático que eventualmente pode virar uma bola de neve", declarou à agência TT o professor de Direito Internacional Ove Bring.
"Politicamente é um êxito psicológico para a Palestina e para os que apoiam a solução de dois Estados", concluiu.