Sequestrador de Sydney segue diretrizes dos grupos jihadistas

As autoridades calculam que há menos de 30 pessoas dentro do café, mantidas como reféns por um homem armado durante várias horas
Da AFP
Publicado em 15/12/2014 às 12:42
As autoridades calculam que há menos de 30 pessoas dentro do café, mantidas como reféns por um homem armado durante várias horas Foto: Foto: SAEED KHAN / AFP


Ainda não se sabe se o sequestrador de Sydney é um "lobo solitário" ou membro de uma formação menor, mas ele parece seguir à risca as diretrizes dadas pelos grupos jihadistas, ou seja, passar à ação em seu país de residência fazendo estardalhaço.

Em relação à tomada de reféns da cafeteria Lindt de Sydney, onde o sequestrador fez questão estender a bandeira utilizada pelos movimentos jihadistas em uma janela, Nick O'Brien - especialista em terrorismo da universidade australiana Charles Sturt - afirmou que o autor da ação pode ter se inspirado em publicações do Estado Islâmico (EI).

Para o professor Clive Williams, da Universidade Nacional Australiana, "a maioria dos rapazes está sendo incentivada a passar à ação por conta própria, já que o EI sabe que, se houver a formação de um grupo, existem grandes possibilidades de que sejam detectados".

Há anos a Al-Qaeda, e mais recentemente o EI, tentam convencer os candidatos a jihadistas de que devem se unir a uma "terra da Jihad" e lançar ataques contra "infiéis, militares, policiais e, inclusive, civis".

Em setembro, o porta-voz do EI, Abu Mohamed al-Adnani, convocou, em mensagem postada na internet, "os fiéis a participarem da batalha, vivam onde viverem".

"Se puderem matar um infiel americano ou europeu - especialmente os sujos e malignos franceses -, ou um australiano, canadense ou qualquer outro cidadão dos países que entrarem na coalizão contra o Estado Islâmico, então acreditem em Alá e os matem de qualquer forma", afirmou.

Lista de alvos 

Desde 2010, na revista jihadista em inglês, "Inspire", publicada no Iêmen pela facção local da Al-Qaeda, o americano convertido ao Islã, Adam Gadahn, fala "dos deveres da Jihad individual". E, em um vídeo intitulado "Vocês são responsáveis por vocês mesmos", assegura: "Os muçulmanos no Ocidente devem saber que estão perfeitamente em posição de desempenhar um papel decisivo na Jihad contra os sionistas e os cruzados. Então, o que estão esperando?".

As publicações jihadistas on-line divulgaram diversos os manuais de fabricação de bombas artesanais ("Como montar uma bomba na cozinha de sua mãe") e as listas dos alvos, em primeiro lugar, os militares ocidentais seguidos dos políticos e dos lugares que são símbolo de poder nos Estados Unidos e em seus países aliados.

Adnani também diz que os jihadistas não devem se preocupar em diferenciar entre civis e militares. "É legal para um muçulmano atacar os bens de um infiel e derramar seu sangue, já que seu sangue não vale mais do que de um cachorro", explica.

Depois de suas prisões, os autores de ataques isolados, como os dois homens-bomba que mataram um soldado britânica a facadas em uma rua de Londres, em maio de 2013, ou os supostos autores do atentado a bomba contra a maratona de Boston, em abril do mesmo ano, citaram estas publicações como sua fonte de inspiração.

Esses agressores, chamados de "lobos solitários" quando agem sozinhos, têm geralmente relações com redes mais ou menos constituídas, e seu grande sonho é se unir ao movimento jihadista.

Mas, diante da dificuldade de viajar para Síria ou Iraque ou por falta de contatos necessários, decidem passar à ação no próprio país em que vivem.

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