A advogada Amal Clooney, representante legal de um dos jornalistas da Al Jazeera presos no Cairo, informou neste sábado que o Egito ameaçou prendê-la após a produção de um relatório crítico ao sistema judiciário egípcio.
No documento, que deveria ter sido divulgado em fevereiro de 2014, a advogada afirmava que a justiça egípcia deveria ser mais independente do governo.
"No momento da publicação do relatório, nos impediram de fazê-lo no Cairo. Perguntaram: 'O informe é crítico ao exército, à justiça ou ao governo?' Respondemos que sim, e nos disseram que, neste caso, nós corríamos o risco de sermos presos", explicou a advogada britânica ao jornal The Guardian.
Amal Clooney falou após a decisão da justiça egípcia, na última quinta-feira, de ordenar um novo processo para os três profissionais da rede de televisão catariana - presos há cerca de um ano.
Acusados de apoiar a Irmandade Muçulmana, o egípcio-canadense Mohamed Fadel Fahmy, defendido por Clooney, o australiano Peter Greste e o egípcio Baher Mohamed cumprem penas de entre sete e dez anos de prisão.
Segundo a advogada, os três homens são vítimas de sentenças dadas por um sistema cujos juízes podem ser nomeados diretamente por quem está no poder.
Clooney se mostrou pessimista sobre o novo processo, ressaltando que "o princípio é de que houve erro, mas o novo julgamento irá se sustentar nas mesmas bases que o anterior, então não muda grande coisa", afirmou.
Por isso, a advogada - casada com o ator George Clooney - espera e confia que o Egito expulse seu cliente do país, tal como permite uma nova lei aprovada em novembro passado.