O jornal dinamarquês constantemente ameaçado desde que publicou, em 2005, caricaturas de Maomé, foi o único nesta quinta-feira que não reproduziu nenhum desenho da revista francesa Charlie Hebdo, alvo na quarta-feira de um atentado em Paris.
"Reafirmo meu direito como redator-chefe de publicar qualquer tipo de desenho (...) Mas não agora", justificou o redator-chefe do Jyllands-Posten, Jørn Mikkelsen, em uma coluna da própria publicação.
"Temos há 10 anos o mesmo debate, a favor ou contra as caricaturas. É preciso passar para outra coisa", acrescentou.
Este jornal de Aarhus se tornou famoso em todo o mundo ao publicar 12 caricaturas do profeta do Islã, provocando violentas manifestações em vários países muçulmanos. Estes desenhos foram reproduzidos pela Charlie Hebdo alguns dias mais tarde.
Desde então a polícia desativou vários projetos de atentado contra o Jyllands-Posten, cuja segurança foi reforçada na quarta-feira, dia do atentado contra a revista francesa, que deixou 12 mortos.
Mikkelsen admitiu ter levado em conta a segurança de seus colegas.
"A verdade é que para nós seria totalmente irresponsável publicar novos ou velhos desenhos do profeta agora. Alguns não querem admitir isso. Eu sim, embora contrariado. O Jyllands-Posten tem uma responsabilidade consigo mesmo e com seus funcionários", disse.
Os outros dois grandes jornais dinamarqueses, Politiken e Berlingske, publicaram uma série de capas de destaque da Charlie Hebdo, incluindo uma delas na qual Maomé é empurrado em uma cadeira de rodas por um judeu.
O tabloide Ekstra Bladet se rebatizou como Charlie Hebdo por um dia, em homenagem à publicação francesa.