A Agência Espacial do Reino Unido desvendou nesta sexta-feira o mistério do desaparecimento há onze anos do módulo de pouso Beagle 2, ao anunciar - com fotografias como prova - que a sonda europeia da Mars Express pousou em segurança na superfície do planeta vermelho no Natal de 2003.
"O rover Beagle 2, que pensávamos estar perdido desde 2003, foi encontrado parcialmente pousado na superfície do planeta", explicou em um comunicado a UK Space Agency. A agência está visivelmente feliz com esta notícia boa e inesperada no contexto da missão Mars Express, a primeira exploração de um outro planeta do sistema solar lançada pela Agência Espacial Europeia (ESA).
Beagle 2 foi declarado permanentemente perdido em 6 de fevereiro de 2004. A prova de seu parcial sucesso foi fornecida por imagens de alta resolução tiradas pela sonda americana Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), que navega desde 2006 na órbita de Marte.
Elas atestam que o pequeno módulo de quase 70 quilos não foi deslocado com o impacto, ao contrário do que os cientistas temiam.
Problemas na fase final de aterrissagem
De fato, o aparelho de concepção britânica repousa - aparentemente intacto - a 5 km da bacia empoeirada de Isidis Planitia, local previsto de sua aterrissagem. O contato com o artefato foi perdido na fase final de pouso, depois de seis meses de viagem por mais de 400 milhões de quilômetros.
"As fases complexas de aproximação, descida e pouso parecem ter acontecido da forma esperada, e, infelizmente, foi na fase final que a Beagle 2 encontrou problemas", comentou David Parker, chefe da UK Space Agency. Após acionar seus paraquedas e airbags, o módulo deveria abrir todas as suas "pétalas" dotadas de sensores solares, e começar a transmitir sinais através de uma antena.
"O que foi visto como um fracasso total há 11 anos pode não ter sido um fracasso total. Pelo menos houve uma aterrissagem em Marte", confirmou o diretor-geral da ESA, Jean-Jacques Dordain, durante uma coletiva de imprensa em Paris.
"A razão exata para o fracasso é a mais pura especulação", concordou o diretor da missão Beagle, Mark Sims, da Universidade de Leicester, em uma entrevista à BBC. No entanto, ele invocou a má sorte. "Talvez um rebote pesado que poderia ter distorcido a estrutura... ou um vazamento nos airbags".
O cientista inglês Colin Pillinger, considerado o pai do Beagle 2, teria usado uma "analogia futebolística", esporte que ele adorava, para comparar o "pouso bem sucedido acompanhado por uma incapacidade de se comunicar a 'um chute no travessão'", declarou nesta sexta-feira sua viúva, Judith, ela mesma envolvida no projeto.