A diplomacia americana deve ter objetivos precisos e "muita paciência" em seu diálogo para normalizar as relações com Cuba - sugeriu nesta quarta-feira o principal negociador da União Europeia (UE) com a ilha, o diplomata sueco Christan Leffler.
Durante uma teleconferência em Washington, o diretor da Divisão das Américas da diplomacia da UE disse que as ferramentas essenciais dos Estados Unidos em sua estratégia de aproximação com Cuba seriam "uma visão clara, nervos firmes e muita paciência".
Na visão de Leffler, a nova política anunciada por Obama para Cuba significa que a Casa Branca agora tem "uma abordagem similar à que nós temos seguido, em termos de compromissos, por meio do diálogo".
"Acredito que estamos, agora, em uma posição mais forte para trabalharmos juntos em favor desses objetivos em Cuba, e com um leque de atores em Cuba", comentou.
Além disso, completou, a aproximação entre Washington e Havana "foi muito bem recebida na América Latina, de forma que teremos o apoio das nações latino-americanas" para essa abordagem.
O diplomata sueco acrescentou que, este ano, o bloco europeu espera avançar com Cuba na negociação de um acordo-quadro que deixe para trás a chamada Posição Comum, adotada em 1996, e que condiciona a cooperação a avanços em matéria de direitos humanos e liberdades individuais na ilha.
"A conclusão desse acordo não é iminente e levará mais tempo, porque há trabalho para fazer dos dois lados. Além disso, não temos pressa, porque queremos alcançar um tratado forte, e não um rápido", disse Leffler durante a conferência.
O diplomata confirmou que representantes da UE e de Cuba vão se reunir em Havana na primeira semana de março. "Temos confiança em que nos permitirá avançar para um acordo", completou.
Essa reunião, a terceira entre as duas partes, estava originalmente prevista para a primeira semana de janeiro, mas Cuba pediu seu adiamento no início de dezembro.
Foi então que Cuba e Estados Unidos surpreenderam o mundo, ao anunciar sua intenção de restabelecer relações diplomáticas, após mais de meio século de afastamento.
Cubanos e americanos já tiveram uma primeira rodada de negociações em Havana, e a segunda sessão deve acontecer em Washington "nas próximas semanas", informou a porta-voz do Departamento de Estado americano, Jen Psaki, nesta quarta-feira.