O chavismo recorda nesta quinta-feira os dois anos da morte de Hugo Chávez com fogos de artifício e atos protocolares organizados pelo governo de seu herdeiro político, Nicolás Maduro, que enfrenta uma grave crise econômica.
Os atos comemorativos tiveram início com uma queima de fogos de artifício na madrugada desta quinta-feira e em seguida será instalada a chamada Tribuna Anti-imperialista na Praça Bolívar de Caracas, que deverá girar em torno da retórica anti-Estados Unidos e as recentes acusações de que Washington planeja um golpe de Estado contra Maduro, com apoio dos poolíticos venezuelanos de direita.
Durante a tarde, será realizada uma homenagem no Quartel da Montanha, em Caracas, onde repousam os restos mortais de Chávez.
Popularidade despencando
A devoção ao líder bolivariano, promotor desde 1999 de um modelo socialista baseado na redistribuição das recuros petroleiros junto às classes pobres, permanece na iconografia do chavismo, com vários murais, cartazes e fotos com seu rosto espalhados pela capital.
A entrada de Chávez na política venezuelana aconteceu com o fracassado golpe de Estado que encabeçou em fevereiro de 1992 contra o falecido ex-presidente Carlos Andrés Pérez, alegando que a Venezuela necessitava de uma mudança de rumo por estar mergulhada na corrupção, pobreza, injustiça e exclusão social.
Desde sua chega ao poder, em 1999, com um estilo informal e direto usou e abusou da retórica populista.
Valendo-se do boom dos preços do petróleo e de um estilo autoritário, anunciou, em 2007, que seu governo socialista iria empreender uma série de estatizações, redução do espaço da atividade privada e controle da economia.
A utilização do dinheiro do petróleo em extensos programas assistencialistas, considerados insustentáveis pelas fileiras opositoras, garantiu o apoio da população mais carente.
Sua figura está sempre presente nos discurso de Maduro, a quem muitos responsabilizam pela deterioração sócio-econômica, com uma inflação de 68,5%, escassez de produtos básicos, recessão e alta da criminalidade e da corrupção.
Segundo pesquisas privadas, Maduro conta apenas com pouco mais de 20% de aprovação, uma cifra muito inferior às obtidas por Chávez.
"Em outubro de 2012, 44% se autodefiniam como chavistas. Em dezembro, o número caiu para 22%, ou seja, houve uma redução pela metade do capital político do chavismo", comentou o analista político John Magdaleno.
A popularidade despencando de Maduro, que coincide com a crise dos preços do petróleo, acontece a poucos meses das eleições legislativas, que pela primeira vez em muitos anos tem uma ampla probabilidade registrar derrota governista mesmo ante uma oposição desarticulada.
Corrupção desenfreada
Apesar da fidelidade de muitos adeptos, principalmente os que se beneficiam dos programas governistas, os chavistas começam a demonstrar seu desencanto com o rumo que o governo Maduro tomou, com seu modelo socialista e planejamento centralizado.
As vozes críticas, que questionam como o "madurismo" privilegia a corrupção, surgem, inclusive, dentro das fileiras do chavismo, como aconteceu com Nicmer Evans, analista político do PSUV que praticamente foi expulso da militância sem um processo disciplonar.
Em um recente artigo publicado no site de esquerda Aporrea, Evans enfatiza os privilégios das pessoas ligadas ao poder e seus atos de corrupção, como "designar a dedo contratações pelo Estado com possibilidade de privilegiar familiares, amigos ou compadres".