O governo argentino convocou o embaixador do Reino Unido em Buenos Aires ante um suposto caso de espionagem contra a Argentina em função do conflito pela soberania das ilhas Malvinas (Falkland, para os ingleses), segundo um comunicado divulgado pela chancelaria.
"Ações deste tipo violam o direito à privacidade", segundo resoluções da Assembleia Geral das Nações Unidas, que fazem parte de "atos de intrusão grave", destacou o vice-chanceler argentino Eduardo Zuain ao embaixador John Freeman, a quem exigiu explicações pelo "silêncio do governo britânico" sobre o caso.
Os supostos atos de espionagem foram revelados no fim de semana pelo portal TN em associação com o 'The Intercept', página que revisa arquivos divulgados por Edward Snowden, ex-analista de inteligência da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos.
Nos últimos anos o Reino Unido conduziu "operações secretas, de interceptação, intervenção e outras manobras no país", afirmou o site TN.com.ar, do grupo Clarín.
"Segundo o site, as ações foram realizadas ante a crescente pressão internacional para resolver a disputa de soberania sobre as Malvinas", destacou a chancelaria.
Zuain também comunicou ao representante que apresentará "uma denúncia penal contra as empresas que realizam atividades de exploração de combustíveis na plataforma continental argentina em violação à Lei N° 26.915 e às resoluções das Nações Unidas sobre a questão das Ilhas Malvinas".
A Argentina também expressou mal-estar com o anúncio do aumento do orçamento militar para as Ilhas Malvinas, feito pelo Reino Unido sob o argumento de "uma suposta e inverossímil 'ameaça' argentina".
Tropas da Grã-Bretanha assumiram o controle das ilhas em 1833 e desde então Buenos Aires reclama a devolução.
Em 1982, a Argentina, com um governo ditatorial, invadiu as ilhas e provocou uma breve, mas violenta guerra, que terminou com a rendição de Buenos Aires e deixou 649 argentinos e 255 britânicos mortos.