Jean-Marie Le Pen desiste de disputar eleições regionais

Le Pen, presidente de honra do partido, defendeu que sua neta, a deputada Marion Maréchal-Le Pen, lidere a lista do FN nas eleições regionais de Provença-Alpes-Costa Azul
Da AFP
Publicado em 13/04/2015 às 9:15
Le Pen, presidente de honra do partido, defendeu que sua neta, a deputada Marion Maréchal-Le Pen, lidere a lista do FN nas eleições regionais de Provença-Alpes-Costa Azul Foto: Foto: AFP


Atualizada às 12h04

O fundador do partido francês de extrema-direita Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, desistiu de disputar as próximas eleições regionais, em um gesto para tentar reduzir a crise familiar e política entre ele e sua filha, Marine Le Pen, que o sucedeu no comando da FN.

Criticado por recentes declarações sobre o Holocausto e a imigração que contradizem a estratégia de "normalização" do partido adotada por sua filha, Jean-Marie Le Pen, de 86 anos, defendeu que sua neta, a deputada Marion Maréchal-Le Pen, de 25 anos e figura ascendente do partido, lidere a lista da FN nas eleições regionais de Provença-Alpes-Costa Azul (sudeste).

Em declarações ao jornal Le Figaro, Jean-Marie Le Pen, que se arriscava a não obter a indicação do partido para estas eleições, disse que não se apresentará, embora pense que teria sido "o melhor candidato para a Frente Nacional".

"Se devo me sacrificar pelo futuro do movimento, não serei eu quem o prejudicará", acrescentou. Le Pen, presidente de honra do partido, defendeu a candidatura da neta. "Se ela aceitar, acredito que será uma líder muito eficaz. Sem dúvida a melhor, depois de mim", disse.

No dia 2 de abril, Le Pen recebeu uma chuva de críticas do próprio partido ao repetir declarações sobre as câmaras de gás nos campos de extermínio nazistas, que chamou de "detalhe da história", uma opinião que já rendeu uma condenação judicial.

Poucos dias depois, voltou à carga em uma entrevista a uma revista de extrema-direita, na qual defendeu o marechal Philippe Pétain, líder da colaboração da França com o regime nazista, e afirmou que é necessário "salvar a Europa boreal e o mundo branco". Ao denunciar um "suicídio político", Marine Le Pen acusou o pai de criar uma "crise sem precedentes" no partido. 

Ela afirmou que o pai deveria se afastar, ao mesmo tempo em que abriu um processo disciplinar contra ele. Fontes da FN consideraram a decisão de Jean-Marie Le Pen "digna, embora com um sofrimento evidente", mas que não impedirá o processo disciplinar.

Nos últimos dias, Marion Maréchal-Le Pen manteve silêncio e evitou entrar na polêmica. Ela se limitou a condenar as declarações do avô sobre as câmaras de gás e afirmou que não pretendia dar a impressão "de aproveitar a situação" para ocupar o tabuleiro político. 

Nesta segunda-feira, a equipe de campanha anunciou que Marion é candidata à indicação do partido nas regionais. A candidatura reforçaria sua posição dentro do partido. A neta de Le Pen, a mais jovem deputada do Parlamento francês, é mais conservadora que a tia na área social e mais liberal no campo econômico.

Desde que sucedeu o pai no comando da FN, em 2011, Marine Le Pen tenta apagar a imagem extremista do partido. Nos últimos anos conquistou bons resultados eleitorais e não esconde a ambição para a eleição presidencial de 2017.

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