Os pais de um menino de 8 anos morto nos atentados contra a maratona de Boston, em 2013, pediram aos promotores que não considerem a pena de morte para o principal condenado Dzhokhar Tsarnaev, em uma carta divulgada nesta sexta-feira.
Billey Denise Richard afirmam que, invés da pena capital, esperam ver Tsarnaev, de 21 anos, condenado à prisão perpétua sem possibilidade de apelação.
"Para acabar com a angústia, deixem de lado a pena de morte", afirmam na carta publicada pelo jornal Boston Globe.
Eles se referiram assim ao sofrimento que o ataque causou a sua família, inclusive a outra filha que teve a perna amputada devido ao atentado.
"Sabemos que o governo tem suas razões para pedir a pena de morte, mas a busca contínua do castigo poderá levar anos de apelações e nos levar a reviver os dias mais dolorosos de nossas vidas", explicam.
Também pediram que Tsarnaev renuncie a seu direito de apelação para que possam tentar seguir adiante com sua vida.
O jovem muçulmano de origem chechena Dzhokhar Tsarnaev foi considerado culpado por um júri popular pelos atentados realizados durante a Maratona de Boston, em abril de 2013.
Os 12 jurados levaram 11 horas para chegar a este veredicto unânime, confirmando a totalidade das 30 acusações que pesavam contra Dzhokhar, incluindo a de complô para utilização de uma arma de destruição em massa.
O juri deverá agora decidir se Dzhokhar será condenado à pena capital ou à prisão perpétua sem a possibilidade de liberdade condicional.
Dezessete das 30 acusações são passíveis de pena de morte.
O ataque ocorreu em 15 abril de 2013, quando duas bombas caseiras explodiram com 12 segundos de diferença em meio à multidão que cercava a linha de chegada da maratona de Boston, reavivando temores de terrorismo nos Estados Unidos.
O jovem estudante também é acusado de matar um policial durante sua fuga com seu irmão mais velho, Tamerlan, de 26 anos, três dias após os ataques.
Os irmãos Tsarnaev foram identificados como autores dos ataques alguns dias após a corrida, graças a filmagens de câmeras e milhares de fotos.
Tamerlan, então com 26 anos, foi morto a tiros pela polícia em 19 de abril, após ter matado um policial ao tentar fugir de Boston. Dzhokhar foi capturado horas depois, gravemente ferido.
Durante o julgamento, a promotoria se referiu a Dzhokhar, que se tornou cidadão americano em setembro de 2011, como um "terrorista de sangue frio que queria punir os Estados Unidos pelo que o país faz a seu povo".
A defesa reconheceu desde o primeiro dia que Tsarnaev participou dos ataques, mas durante o julgamento tentou minimizar seu papel, apresentando-o como um cúmplice manipulado por Tamerlan.
A defesa também tentou argumentar que sem Tamerlan Tsarnaev os ataques nunca teriam acontecido.
Segundo os advogados de defesa, Tamerlan era o cérebro de toda a ação.
O Estado de Massachusetts, de onde Boston é a capital, aboliu a pena de morte de sua legislação em 1984, e a maioria de sua população se opõe a ela. Ninguém foi executado no estado desde 1947.
Mas, por tratar-se de um "ato terrorista com o uso de uma arma de destruição em massa", Dzhokhar Tsarnaev é julgado sob a lei federal.