Mais da metade da população rural do mundo carece de serviços de saúde, um percentual que chega a 80% em regiões como a África, afirma um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicado nesta segunda-feira.
"Estes resultados são chocantes", declarou a coordenadora de políticas de saúde da OIT, Xenia Scheil-Adlung, durante a apresentação do relatório, que inclui dados de 174 países.
O estudo mostra que 56% das pessoas que vivem em zonas rurais estão excluídas dos serviços de saúde básicos, enquanto nas áreas urbanas o número cai a 22%.
África e América Latina são as duas regiões com maior falta de profissionais de saúde.
"A ausência de cobertura legal, a insuficiência de funcionários, um financiamento mal adaptado (...) criaram desigualdades que podem colocar vidas em perigo", disse Scheil-Adlung.
O relatório revela que existem grandes disparidades no acesso à saúde entre zonas rurais e urbanas, um problema que é mais marcante nos países em desenvolvimento.
Além disso, o estudo mostra que, apesar do direito à saúde estar garantido por lei em muitos países, os habitantes das zonas rurais geralmente são excluídos da cobertura porque a legislação não se aplica a nível regional.
"Temos que assegurar que todos estejam incluídos na legislação e que as pessoas não tenham que esperar a chegada de uma fundação como a de Bill Gates para dar dinheiro", afirmou Scheil-Adlung.
Isabel Ortiz, diretora do departamento de Proteção Social da OIT, ressaltou que os investimentos em saúde nas áreas rurais têm importantes retornos econômicos e sociais.