As equipes de resgate prosseguiam com as buscas por vítimas do terremoto no Nepal nas zonas mais remotas do país, depois do tremor de sábado que deixou mais de 4.300 mortos e afetou oito milhões de pessoas.
"Recebemos pedidos de ajuda de todas as partes, mas ainda não conseguimos iniciar o resgate em muitas áreas porque não temos equipamento e socorristas com experiência", disse o primeiro-ministro nepalês Sushil Koirala, para quem a ajuda às vítimas representa um "enorme desafio".
Após o terremoto de 7,8 graus de magnitude, muitas regiões do país precisam de água e alimentos, enquanto na capital Katmandu milhares de pessoas invadem lojas e postos de gasolina.
O balanço oficial de vítimas é de 4.310 mortos e 7.953 feridos, anunciou Laxmi Prasad Dhakal, porta-voz do ministério do Interior. A ONU calcula em oito milhões o número de pessoas afetadas pela tragédia.
Esta é a maior catástrofe no Nepal nos últimos 80 anos. O terremoto também afetou a Índia, onde morreram 73 pessoas, e a região chinesa do Tibete, com 25 mortos.
O balanço de vítimas no Nepal pode aumentar consideravelmente depois que as equipes de resgate conseguirem chegar às zonas mais remotas do país, como a região de Lamjung, 70 km ao oeste da capital, epicentro do tremor e ainda isolada.
"Aqui a situação não é boa. Muitas pessoas perderam as casas, falta água e comida", disse Udav Prasad Timilsina, funcionário do governo do distrito vizinho de Gorkha.
"Não conseguimos tratar os feridos. Precisamos urgentemente de água, comida, remédios e lojas. As equipes de resgate estão chegando, mas precisamos de ajuda", completou.
O terremoto também provocou uma avalanche no Everest, o que sepultou com neve e rochas uma parte do campo base em plena temporada de escalada e deixou 18 mortos.
O governo dos Estados Unidos confirmou na segunda-feira a morte de dois americanos e a Austrália o falecimento de uma cidadã do país.
Durante a segunda-feira, helicópteros resgataram alpinistas que permaneciam retidos no Everest.
- Medo e confusão em Katmandu -
Em Katmandu, milhares de pessoas começaram a sair da cidade em ônibus lotados, com pessoas no teto e com o objetivo de retornar para suas cidades de origem.
Longas filas também são observadas nos postos de gasolina e nos mercados, invadidos por pessoas desesperadas em busca de produtos básicos como arroz ou óleo de cozinha.
As pessoas que decidiram permanecer em Katmandu dormiram em barracas improvisadas nas ruas, já que perderam as casas ou por medo dos tremores secundários.
"Há muito medo e confusão", disse Bijay Sreshtha, que fugiu de casa após o terremoto e passou os últimos dias em um parque com a mulher, os três filhos e a mãe.
Os hospitais e necrotérios da cidade estão lotados e os médicos trabalham sem direito a descanso para atender as vítimas, muitas delas com traumas e fraturas múltiplas.
As equipes de emergência do Nepal contam com o apoio de centenas de estrangeiros, de países como China, Índia ou Estados Unidos.
Washington prometeu 10 milhões de dólares de ajuda e a Austrália outros 4,7 milhões, além de um avião militar para transportar mantimentos às vítimas, uma tarefa complexa pela falta de espaço no único aeroporto internacional do país.
O terremoto também representa um duro golpe para a economia do Nepal, um dos países mais pobres do mundo, que ainda se recupera de uma guerra civil de 10 anos, encerrada em 2006.
O Nepal, como toda a região do Himalaia, onde se encontram as placas tectônicas indiana e euroasiática, é uma área de forte atividade sísmica.
Em agosto de 1988, um terremoto de 6,8 graus de magnitude deixou 721 mortos no leste do Nepal. Em 1934, um terremoto de 8,1 graus matou 10.700 pessoas no Nepal e na Índia.