A presidente da Frente Nacional (FN), Marine Le Pen, proibiu neste domingo o pai de falar em nome do partido de extrema-direita que ele fundou, já que suas declarações "são contrárias à linha" da FN. "Jean-Marie Le Pen não poderá se expressar em nome da Frente Nacional, suas declarações são contrárias à linha estabelecida", afirmou a filha em entrevista para Europe1, iTELE e Le Monde.
"Suas declarações não devem comprometer o movimento", insistiu Marine Le Pen. O fundador e presidente de honra da FN deve comparecer na segunda-feira diante da Executiva do partido para responder por suas recentes declarações, contrárias à linha oficial estabelecida por sua filha.
Jean-Marie Le Pen, deputado no Parlamento Europeu, reiterou em abril as declarações de que as câmaras de gás foram um "detalhe" da história da Segunda Guerra Mundial, opinião que já rendeu uma condenação penal. Defendeu o "mundo branco" e criticou o programa da FN e a equipe de Marine Le Pen. A última provocação de Le Pen, 86 anos, aconteceu em 1º de maio, durante um ato do partido em Paris no Dia do Trabalho.
Le Pen subiu ao palanque do partido sem ser convidado, o que surpreendeu a filha, que pretendia ler um discurso, mas provocou o entusiasmo dos militantes, que ovacionaram o presidente de honra da FN. "Seus últimos atos são inadmissíveis", criticou Marine Le Pen neste domingo.
"Penso que ultrapassou completamente as prerrogativas do cargo de presidente de honra", completou, antes de citar "atos mal-intencionados". Marine Le Pen lidera uma campanha para tentar acabar com o ato de demonizar da FN e deixar para trás os vínculos com movimentos neonazistas e contrários à república, conservando uma linha nacionalista e anti-imigração.
A presidente da FN afirmou que não está a par dos temas financeiros de Jean-Marie Le Pen, que, segundo o site Mediapart, poderia ter uma conta secreta na Suíça. "Não sei absolutamente nada, se estas informações estão equivocadas ou se foram verificadas. Não sei nada sobre o tema", disse Marine Le Pen.