Obama diz que, apesar do acordo, ainda há 'profundas diferenças' com o Irã

Além disso, acrescentou que, "ao contrario da situação de Cuba, não estamos normalizando nossas relações"
Da AFP
Publicado em 15/07/2015 às 16:39
Além disso, acrescentou que, "ao contrario da situação de Cuba, não estamos normalizando nossas relações" Foto: Foto: Jim Watson / AFP


O presidente Barack Obama afirmou nesta quarta-feira (15) que profundas diferenças entre Irã e Estados Unidos vão persistir, apesar do histórico acordo nuclear alcançado entre Teerã e as potências mundiais.

"Mesmo com este acordo, continuaremos tendo profundas diferenças em relação ao Irã quanto a seu apoio ao terrorismo e às ações para desestabilizar partes do Oriente Médio", declarou Obama, em entrevista coletiva na Casa Branca.

"O Irã ainda representa desafios aos nossos interesses e valores", insistiu.

Segundo Obama, os Estados Unidos esperam que o comportamento do Irã mude, mas ele "não aposta nisso".

"Vamos tentar incentivá-los a tomar um caminho mais construtivo? Claro que sim, mas não vamos apostar nisso", completou.

Além disso, Obama esclareceu que, "ao contrário da situação de Cuba, não estamos normalizando nossas relações".

O presidente americano também destacou que as preocupações de Israel em relação ao Irã são legítimas, mas insistiu em que a República Islâmica armada nuclearmente seria ainda mais perigosa.

"Temos grandes diferenças com o Irã. Israel tem preocupações legítimas em relação a sua segurança no que diz respeito ao Irã", mas, lembrou ele, ninguém, incluindo Israel, apresentou uma alternativa melhor a esse acordo.

Como parte da ofensiva midiática do Executivo sobre o tema, o presidente Obama conversou com a imprensa um dia depois da conclusão do acordo, que tem como principal objetivo bloquear o avanço de Teerã na obtenção de armamentos nucleares.

Em troca, o Irã se beneficiará de um programa de suspensão das sanções internacionais que pesam contra o país.

O desfecho foi comemorado, efusivamente, pelos Estados Unidos, pela União Europeia, pelo Irã e pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mas foi recebido como um "erro histórico" por Israel.

"Com esse acordo, bloqueamos cada caminho do Irã para uma arma nuclear", frisou Obama, na coletiva de imprensa na Casa Branca.

"O programa nuclear do Irã será duramente limitado durante muitos anos. Sem um acordo, esses caminhos continuariam abertos", justificou.

O presidente lembrou que o programa nuclear de Teerã estará sob um controle sem precedentes por parte de agências da ONU.

Fontes diplomáticas disseram à AFP que os Estados Unidos apresentaram no Conselho de Segurança da ONU, nesta quarta-feira, um projeto de resolução para ratificar o acordo nuclear concluído ontem, em Viena.

O texto, que será aprovado no início da próxima semana, valida o acordo de Viena e substitui as sete resoluções adotadas desde 2006 pela ONU para sancionar o Irã pelas disposições do acordo recém-firmado.

 

Irã é parte da solução na Síria

Na mesma entrevista, Obama destacou que o Irã tem um papel a desempenhar para pôr fim ao conflito na Síria.

"Não vamos solucionar os problemas na Síria sem a participação dos russos, dos iranianos, dos turcos e dos nossos sócios do Golfo", explicou.

"É muito caótico, há muitas facções, há muito dinheiro e armas inundando a região", acrescentou.

"Para poder resolver (o conflito), será preciso um acordo entre as grandes potências que estão interessadas na Síria para dizer que isso não será vencido no campo de batalha, e o Irã é um desses atores. Acho que é importante que eles participem dessa discussão", defendeu Obama.

O presidente evocou a luta contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) no Iraque, onde os iranianos cooperam com o primeiro-ministro Haider al-Abadi e apoiam as milícias xiitas, particularmente, com a presença de conselheiros militares.

"Não restabelecemos, e eu não antecipo que, no curto prazo, vamos restaurar as relações normais com o Irã. De modo que não prevejo qualquer série formal de acordos com o Irã sobre como estamos conduzindo nossa campanha contra o EI, mas, claramente, o Irã tem influência no Iraque", ressaltou Obama.

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