A opositora venezuelana María Corina Machado disse nesta quarta-feira (15) que continuará sua campanha de candidata a deputada, apesar de ter perdido seus direitos políticos por um ano.
Segundo a Controladoria-Geral do país, Machado foi enquadrada na Lei contra a Corrupção por não mencionar em sua declaração de imposto de renda vales de alimentação que teria recebido do Parlamento quando era deputada.
Ela disse que nunca pediu ou recebeu os tíquetes e chamou a decisão do órgão de fraude. "Continuarei como candidata à Assembleia Nacional e continuarei representando a determinação democrática do povo da Venezuela."
Para a opositora, a decisão da Controladoria é ilegítima. Ela declarou também não reconhecer a autoridade do titular do órgão, Manuel Galindo, porque a nomeação dele foi ratificada só por deputados aliados do presidente Nicolás Maduro.
"O descaro, o abuso, o atropelo e a desfaçatez chegaram ao extremo de que a desculpa que pretendem usar para tirar meus direitos políticos é que eu não incluí os vales na minha declaração de imposto de renda."
Com a perda dos direitos políticos, a opositora sofre uma segunda derrota contra o governo de Maduro. Em março de 2014, ela teve o mandato cassado pelo presidente da Assembleia Nacional, o chavista Diosdado Cabello.
Para Cabello, Machado violou o regimento da Assembleia Nacional ao aceitar o convite do Panamá para se pronunciar em uma reunião da OEA (Organização dos Estados Americanos) sobre os protestos contra o governo.
OPOSIÇÃO
A perda dos direitos políticos de Machado deve dificultar a intenção opositora de conseguir a maioria no Parlamento. A opositora foi a candidata que teve o maior número de votos na última eleição parlamentar, em 2009.
Nesta quarta, o porta-voz da opositora Mesa de Unidade Democrática, Jesús Torrealba, disse esperar que o impedimento de sua colega de coalizão provoque indignação e leve mais eleitores insatisfeitos com Maduro às urnas em 6 de dezembro.
"No lugar em que tivermos um candidato impedido, temos que obter uma vitória absolutamente contundente, muito maior que a expectativa inicial. Essa é a única resposta neste país de instituições sequestradas", disse.
Além de Machado, a Mesa de Unidade Democrática inscreveu outro candidato que está impedido: o ex-prefeito de San Cristóbal Daniel Ceballos. Ele está preso desde o ano passado acusado de incitar à violência nos protestos.
Como resposta à perda dos direitos políticos da ex-deputada, o grupo Venezuelanos Perseguidos Políticos no Exílio, com sede em Miami, pediu que seja mantida a candidatura como forma de resistência em relação ao governo de Maduro.