Bombardeios em cidade iemenita de Áden matam 57 civis

Os ataques foram atribuídos aos rebeldes xiitas huthis.
Da AFP
Publicado em 19/07/2015 às 17:37
Os ataques foram atribuídos aos rebeldes xiitas huthis. Foto: Foto: SALEH AL-OBEIDI / AFP


Cinquenta e sete civis morreram neste domingo (19) em bombardeios atribuídos aos rebeldes xiitas huthis em Áden, onde as forças pró-governamentais tentam consolidar suas posições, três dias após o governo no exílio anunciar a "libertação" desta cidade portuária.

Os foguetes  e morteiros lançados contra Dar Saad, bairro do norte de Áden, também fizeram 215 feridos entre os civis, segundo informou uma autoridade dos serviços de saúde.

"Cinquenta e sete civis, entre eles 12 crianças e 6 mulheres, morreram e outros 215 ficaram feridos, incluindo 25 crianças e 15 mulheres", disse o funcionário de saúde, Al Jadr Lasuer, à AFP. 

Mais cedo, o mesmo funcionário havia informado sobre 43 mortos e 112 feridos. 

"Bombardear zonas residenciais do bairro de Dar Saad é um ato de suicídio da parte dos huthis", declarou o governador interino de Áden, Nayef al-Bakri.

Membros do governo no exílio, que chegaram sexta-feira em Áden, inspecionaram no sábado vários bairros desta cidade, onde os combatentes anti-huthis conseguiram avançar durante a noite em direção a sede da presidência, de acordo com fontes militares.

A delegação do governo, que inclui os ministros do Interior e Transportes, realizou uma primeira reunião com as autoridades locais para discutir os "meios de assegurar" o controle da cidade, de acordo com a agência governamental Saba.

Entre os temas discutidos, falaram sobre a reabertura do aeroporto e porto, do envio de ajuda humanitária e do restabelecimento da eletricidade e água potável, segundo a agência.

O retorno à cidade de membros do governo no exílio traz esperança entre a população, que espera uma normalização da situação.

Centenas de famílias deslocadas pela guerra regressaram aos seus bairros e viram com seus próprios olhos os danos causados ??pelos combates.

Alguns não escondiam sua decepção: "Nada mudou, não há comida, não há hospitais, nem eletricidade ou água. Sem os poços, as pessoas teriam morrido de sede", lamentou Moatez al-Maysuri, um residente do distrito de Crater.

Três dias após o anúncio de sua "libertação", Áden continua a registrar intensos combates entre as forças pró-governamentais e os rebeldes xiitas, que ainda estão presentes em algumas áreas.

"A Resistência Popular conseguiu entrar [no bairro] Tawahi e se move em direção ao Palácio da República e da sede da 4ª Divisão do Exército", informou uma fonte militar à AFP, referindo-se aos combatentes favoráveis ao presidente no exílio, Abd Rabo Mansur Hadi.

No terreno, os combatentes recebem o apoio aéreo da coalizão árabe, que realizou desde sábado à noite uma dúzia de bombardeios contra posições rebeldes em Tawahi e nos subúrbios no norte e no leste de Áden, segundo outra fonte militar.

HUTHIS CRITICAM A ONU - Os aviões da coalizão liderada pela Arábia Saudita atingiram um depósito de munição da rebelião, o que resultou em duas fortes explosões em Al-Ribat, na entrada norte da cidade, onde os rebeldes têm aumentado a sua presença nos últimos dois dias, segundo testemunhas.

À noite, nove rebeldes foram mortos em um ataque aéreo em Khor Maksar, no centro de Áden. Enquanto isso, a luta continua entre as forças pró-governo e os huthis e seus aliados e em torno de Dar Saad e Crater, dois outros bairros de Áden.

Uma trégua humanitária, anunciada pela ONU em 10 de julho, nunca foi respeitada. O conflito armado deixou mais de 3.200 mortos, metade deles civis, segundo a organização internacional.

O porta-voz dos huthis, Mohamed Abdessalam, considerou em um comunicado que a ONU era "consciente ou inconscientemente" responsável pela continuação do conflito, por não ter imposto o respeito do cessar-fogo.

Os huthis, apoiados por unidades do exército leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, lançou em julho de 2014 uma ofensiva que lhes permitiu conquistar grandes áreas do país, incluindo a capital Sanaa e a cidade portuária de Áden. No final de março, forçaram o exílio do presidente Hadi, que agora está na Arábia Saudita.

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