Jihadistas anti-Hamas ameaçam com espiral de violência em Gaza

Várias bombas destruíram no domingo os carros de cinco combatentes da Jihad Islâmica e do Hamas
Da AFP
Publicado em 21/07/2015 às 12:34
Várias bombas destruíram no domingo os carros de cinco combatentes da Jihad Islâmica e do Hamas Foto: Foto: SAID KHATIB AFP


Um grupo salafista ameaçou Gaza com uma escalada de violência de "resultados catastróficos", além de disparos de foguetes contra Israel, em resposta pela prisão em suas fileiras, dois dias depois dos atentados contra o Hamas e a Jihad Islâmica.

Várias bombas destruíram no domingo os carros de cinco combatentes da Jihad Islâmica e do Hamas, que foram recentemente alvo de críticas em círculos salafistas jihadistas. Estes grupos defendem a luta armada não apenas contra Israel, como também contra os movimentos ligados ao islamismo político.

Os ataques de domingo foram inéditos em diferentes níveis: foi a primeira vez que a Jihad Islâmica, segunda força em Gaza e aliada do Hamas, é alvo de um ataque; foi também a primeira vez que um atentado coordenado - cinco bombas explodiram no espaço de 15 minutos no mesmo bairro de Sheikh Radouane - visa tantos membros dos movimentos islâmicos em Gaza.

Segundo testemunhas, as bombas foram colocadas sob três carros pertencentes a membros das Brigadas al-Qassam, o braço armado do Hamas, e duas outras sob dois veículos de membros das Brigadas Al-Quds, o braço armado da Jihad Islâmica.

A polícia do Hamas, no poder no enclave palestino, não acusou ninguém, mas prometeu que os "sabotadores não escapariam às sanções" e, horas depois, prendeu vários mujahedines.

"Os salafistas decidiram responder a esses crimes e artimanhas do Hamas apontando seus foguetes contra o ocupante (israelense) e multiplicando as represálias", ameaça o texto. "Os resultados catastróficos não beneficiarão ninguém e toda a responsabilidade recai sobre o Hamas e seus aliados em Gaza", afirma ainda o comunicado.

Em relação aos atentados, os parentes dos salafistas presos alega que é "um novo golpe montado pelo Hamas, premeditado ou ao menos aproveitado para encobrir a aplicação de seus planos para erradicar o movimento salafista jihadista".

Em Gaza, a disputa entre o Hamas e os radicais não é algo novo: em 2009, já foram reprimidos durante e uma de suas mesquitas queimada. O texto acusa igualmente "uma parte" -  que não nomeia - de "querer mergulhar Gaza em guerras intestinas que só beneficiam o ocupante e seus colaboradores".

Nos últimos meses, o Hamas foi alvo de vários ataques. O mais espetacular aconteceu em maio, quando o grupo "Partidários do Estado Islâmico em Jerusalém" reivindicou disparos de morteiro contra uma de suas bases. O Hamas e a Jihad Islâmica, principais forças na Faixa de Gaza, denunciam regularmente os movimentos jihadistas, incluindo o EI.

"O Hamas não quer que Gaza se torne a Síria ou o Iraque, porque isso seria um presente à ocupação israelense", afirmou recentemente um líder do movimento islâmico à AFP. Para o Hamas e a Jihad Islâmica, as atrocidades do EI "mancham a imagem do Islã" e vão "contra os seus princípios".

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