O governo da Colômbia e a guerrilha das Farc retomaram nesta quinta-feira (23), em Havana, suas negociações de paz visando a alcançar acordos definitivos depois de uma desescalada das hostilidades no país.
Delegados dos dois lados começaram a abordar simultaneamente três temas - o fim do conflito, justiça e indenização das vítimas - em mesas de trabalho separadas a fim de agilizar as negociações.
No último dia 13, Bogotá e as Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc) alcançaram um histórico acordo para uma desescalada do conflito armado, que havia se intensificado, colocando em risco o processo de paz.
"O Governo Nacional, a partir de 20 de julho, colocará em andamento um processo de desescalada das ações militares, em correspondência com a suspensão de ações ofensivas por parte das Farc", disseram em Havana as delegações de paz do governo e da guerrilha, em um comunicado conjunto lido pelo diplomata norueguês Dag Nylander, que esteve acompanhado pelo diplomata cubano Rodolfo Benítez.
Cuba e Noruega são avalistas do processo de paz iniciado em 2012, no qual Chile e Venezuela são acompanhantes.
Esta é a primeira vez que o governo colombiano de Juan Manuel Santos aceita reduzir as operações contra a guerrilha desde o início do processo de paz, em 2012.
No entanto, o presidente colombiano advertiu que a continuidade do processo de paz está condicionada a que a guerrilha cumpra nos próximos quatro meses o acordo histórico alcançado em Cuba.
Um cessar-fogo bilateral e definitivo, foi alcançado quatro dias depois que as Farc decretaram uma trégua unilateral de um mês a partir de 20 de julho.
As Farc, a maior guerrilha desse país, mantiveram durante cinco meses uma trégua unilateral, período em que as ações armadas diminuíram drasticamente, mas a levantaram em maio depois de sofrer uma série de ataques das forças militares.
O governo e as Farc se acusam mutuamente de ter começado a escalada de um conflito armado que é o último da América e que deixou em meio século 220.000 mortos e seis milhões de deslocados.
A nova trégua das Farc foi recebida com alívio pela comunidade internacional, que temia que a intensificação das hostilidades levasse ao colapso do processo de paz.
As Farc também reiteraram sua disposição de deixar as armas assim que for assinado um acordo de paz com o governo da Colômbia, mas exigiu garantias de que seus militantes não correrão riscos ao se incorporar à vida política.
O processo de paz para a Colômbia ganhou novo vigor depois que a guerrilha anunciou seu cessar-fogo unilateral, respondendo ao apelo dos quatro países que acompanham o processo de paz.
As duas partes estão perto de fechar um acordo parcial sobre reparação às vítimas.
O governo e as Farc entraram em acordo até agora sobre três dos seis pontos da agenda e também acordaram um programa.