O presidente dos EUA, Barack Obama, voltou a ameaçar nesta sexta-feira (25) a China com sanções se o país não combater a espionagem cibernética. O alerta foi feito após o mandatário selar um acordo sobre o assunto com seu colega chinês, Xi Jinping.
O roubo de segredos industriais, propriedade intelectual e dados do governo pelas redes é um dos temas de maior atrito entre os dois países. Obama ainda criticou o avanço militar de Pequim, que ameaça aliados como Japão, Coreia do Sul e Filipinas.
No acordo, os países criaram dois grupos para discutir e combater crimes de informática. Os dois presidentes também se comprometeram a não conduzir ou apoiar abertamente o roubo de propriedade intelectual.
Apesar do acordo, Obama lembrou a Xi durante a reunião entre os dois que os EUA têm "ferramentas" que serão usadas caso os chineses não cumpram o pacto.
Dentre elas, a aplicação de sanções econômicas individuais e ações judiciais contra acusados de espionagem cibernética –alguns próximos ao Partido Comunista chinês.
"Eu mostrei ao presidente Xi que poderia usar estas e outras ferramentas da nossa caixa para perseguir criminosos cibernéticos, de forma retroativa e pró-ativa", disse Obama, durante entrevista ao lado do dirigente chinês.
"Disse a ele que isto [a espionagem cibernética] deve parar. A questão agora é se as palavras [do chinês] vão ser seguidas de ações, e isso observaremos atentamente."
Na mesma entrevista, Xi prometeu cumprir as normas acertadas. "Enfrentamento e atrito nunca são a melhor escolha para os dois lados."
Segundo o FBI, a espionagem cibernética nos EUA aumentou 53% no ano passado em relação a 2013. A Justiça americana abriu em 2014 ações criminais contra cinco militares chineses acusados de espionagem econômica.
Obama e Xi também discordaram em relação às disputas territoriais da China com aliados dos EUA na Ásia, com as quais o americano mostrou preocupação.
O chinês negou que a construção de aterros ao lado de ilhas em uma área disputada no mar do Sul da China seja uma ameaça a algum país. O empreendimento é alvo de reclamações das Filipinas.
"Estas ilhas são chinesas desde tempos antigos. Temos o direito de defender nossa soberania territorial, nossos direitos marítimos legais e legítimos e nossos interesses."
Acordo do clima
A confirmação do acordo do clima foi ponto de concordância do encontro. Em novembro, China e EUA já haviam anunciado metas conjuntas para a redução das emissões de gases poluentes.
A China anunciou que destinará US$ 3,1 bilhões ao fundo da ONU para países em desenvolvimento reduzirem as emissões de carbono. Os EUA haviam doado US$ 3 bilhões para o mesmo fundo.
A partir de 2017, Pequim também implantará um sistema de créditos de carbono nacional. Hoje, a compra de cotas de emissões acontece em só sete províncias do país.
Por ser um país em desenvolvimento, a China não tem obrigação de reduzir as emissões de gases poluentes, o que é criticado pela oposição americana e por outros países industrializados.
Obama considera que, com o acordo climático conjunto, as duas maiores economias do mundo poderiam chegar com uma proposta conjunta para a discussão de um pacto global na conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que será realizada no fim do ano em Paris.