Maduro garante instalação de Parlamento venezuelano

O novo Parlamento vai ser controlado pela oposição após 17 anos de domínio chavista
Da AFP
Publicado em 05/01/2016 às 7:31
O novo Parlamento vai ser controlado pela oposição após 17 anos de domínio chavista Foto: Foto: PRESIDENCIA VENEZUELA / AFP


O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou na noite dessa segunda-feira (4) que determinou às forças de segurança que garantam uma instalação pacífica do novo Parlamento, controlado pela oposição após 17 anos de domínio chavista.

"Dei ordens expressas ao ministro do Poder Popular do Interior, Justiça e Paz, general González López, para que tome todas as medidas para garantir a instalação em paz da Assembleia Nacional, com tranquilidade", disse Maduro em mensagem à Nação.

Maduro revelou que as autoridades se reuniram com representantes da oposição para coordenar "todas as medidas de proteção" para que "possam sair, cantar suas canções e gritar seus slogans em um perímetro suficiente para que a passagem à Assembleia Nacional não seja obstruída".

O presidente disse que a oposição se concentrará na esquina de La Hoyada, próximo ao Palácio Legislativo, enquanto os chavistas marcharão pela Avenida Urdaneta.

Maduro pediu aos chavistas que "evitem provocações", mas advertiu que a oposição "não respeita nem regras nem leis", e alertou para a possibilidade de um "plano golpista".

"No cinco de janeiro, dia de paz, que se instale o Parlamento burguês e os revolucionários a trabalhar, retificar, lutar e construir".

Mais cedo, o presidente do novo Parlamento, o opositor Henry Ramos Allup, se disse "convencido de que a Força Armada Nacional garantirá o cumprimento de um ato previsto na Constituição", ao comentar a instalação da Assembleia, na terça-feira.

O veterano dirigente, eleito pela opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), disse que uma comissão opositora recebeu informações "positivas" das autoridades militares sobre impedir a ação de "grupos violentos" ligados ao partido do governo.

Ramos Allup garantiu que a força militar velará pela segurança nos arredores e na entrada da Assembleia.

A MUD convocou a população para "acompanhar" seus deputados em uma marcha ao Congresso nesta terça-feira, mas os chavistas também decidiram se manifestar com um ato de "combate permanente nas ruas" para "vencer" a oposição de "direita fascista".

Ramos Allup disse ainda que "nenhuma sentença do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) pode suspender uma totalização que já se produziu", ratificando a decisão da MUD de desafiar o TSJ e dar posse aos 112 deputados opositores.

O TSJ suspendeu temporariamente a diplomação de três deputados da MUD eleitos pelo estado do Amazonas (sul), o que poderá impedir sua posse nesta terça-feira, ameaçando a maioria qualificada de dois terços (112 de 167 cadeiras) da oposição.

Sobre a polêmica, o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, exigiu nesta segunda-feira que se mantenha o poder militar fora da discussão gerada pela decisão do TSJ.

"Não corresponde à FANB (Força Armada Nacional Bolivariana) elucidar e muito menos arbitrar decisões do TSJ", escreveu Padrino no Twitter.

Padrino afirmou que "setores políticos" pretendem vincular o poder militar venezuelano "no que não lhe corresponde".

"A FANB não é um órgão para subverter a ordem constitucional e nem para ignorar a institucionalidade democrática, muito menos para dar golpes de estado".

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