Grupo Estado Islâmico reivindica ataques que mataram 56 na Líbia

O ramo líbio do grupo extremista sunita informou em um comunicado que o ataque foi perpetrado por um combatente estrangeiro que utilizou um carro-bomba
Da AFP
Publicado em 08/01/2016 às 17:05
O ramo líbio do grupo extremista sunita informou em um comunicado que o ataque foi perpetrado por um combatente estrangeiro que utilizou um carro-bomba Foto: Foto: MAHMUD TURKIA/AFP


O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) reivindicou, nesta sexta-feira (8), a autoria de dois ataques suicidas cometidos na véspera na Líbia e que deixaram pelo menos 56 mortos, incluindo um bebê.

A União Europeia, alarmada com o rumo deste país situado na outra margem do Mediterrâneo, prometeu ajuda, inclusive financeira, para combater o terrorismo.

Primeiro, o EI assumiu o ataque contra o posto de controle na cidade petroleira de Ras Lanuf, no leste da Líbia, no qual morreu o bebê.

O ramo líbio do grupo extremista sunita informou em um comunicado que o ataque foi perpetrado por um combatente estrangeiro que utilizou um carro-bomba.

Mais tarde, o grupo jihadista também assumiu, em outro comunicado, o atentado com caminhão-bomba que matou mais de 50 pessoas em um centro de treinamento da polícia em Zliten, 170 km a leste de Trípoli.

O EI afirmou que um suicida conhecido como Abdallah al Muhajair "fez explodir seu caminhão em meio a uma base que pertencia às forças dos apóstatas líbios" e deu um balanço de "cerca de 80 mortos" e 150 feridos.

Este ataque foi o mais sangrento desde a revolução que derrubou em 2011, com a ajuda de uma intervenção internacional, o líder líbio Muammar Khaddafi.

Desde a queda e morte de Khaddafi, executado pelos rebeldes, a Líbia está afundada no caos, com dois governos rivais que disputam o poder: um no leste, reconhecido pela comunidade internacional, e outro na capital Tripoli, ligado à coalizão de milícias Fajr Líbia.

Preocupados com a possibilidade de que os jihadistas estão estabelecendo um novo reduto às portas da Europa, os países ocidentais insistem há meses sobre a urgência de se chegar a uma solução para unir as facções rivais que controlam o país norte-africano.

Em 17 de dezembro, os membros dos dois parlamentos e representantes da sociedade civil líbia assinaram um acordo supervisionado pela ONU para a formação de um governo de unidade nacional com sede em Tripoli.

Esse pacto não conta, no entanto, com o total apoio das duas câmaras, e os líderes dos parlamentos advertiram que os signatários não tinham legitimidade para cumprir os compromissos.

 

'Unidade é o melhor caminho'

Depois dos atentados de quinta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, declarou que tais "atos criminosos são um lembrete importante da urgência da implementação do acordo político da Líbia e formar um governo de unidade nacional".

"A unidade é o melhor caminho para que os líbios enfrentem o terrorismo em todas as suas formas", ressaltou Ban.

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, vai se reunir nesta sexta-feira com os políticos líbios, incluindo Fayez al-Sarraj, designado como o futuro primeiro-ministro do governo de unidade nacional, segundo o acordo firmado em dezembro.

"O povo da Líbia merece a paz e a segurança, e tem uma grande chance de colocar de lado suas divisões e trabalhar juntos, unidos, contra a ameaça terrorista que o país enfrenta", afirmou Mogherini na quinta-feira.

Nos últimos meses, aproveitando-se da instabilidade que reina no país, o EI conquistou a cidade de Sirte,  450 km a leste de Tripoli, a partir de onde tenta estender seu controle para outras regiões.

Na segunda-feira, o grupo jihadista lançou uma ofensiva contra o campo de petróleo de Ras Lanuf, a leste de Sirte.

Várias autoridades advertiram que o governo líbio poderia ficar paralisado se os jihadistas conseguirem conquistar o controle dos recursos concentrados na região, chamada "lua média do petróleo".

O EI conta com cerca de 3.000 combatentes na Líbia, segundo a França. Em novembro, o promotor do Tribunal Penal Internacional, Fatou Bensouda, assegurou que o grupo realizou pelo menos 27 ataques na Líbia em 2015.

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