As autoridades da Alemanha temem novos atos de violência xenófoba após a onda de agressões em Colônia na noite de Ano Novo, cujos principais suspeitos são estrangeiros, segundo a polícia.
O caso provocou questionamentos sobre a política de portas abertas aos refugiados do governo de Angela Merkel, que nesta terça-feira receberá o primeiro-ministro argelino Abdelmalek Sellal.
Até o momento foram registradas mais de 500 denúncias, 40% por agressão sexual, relacionadas aos acontecimentos de 31 de dezembro.
As agressões foram cometidas "quase exclusivamente" por pessoas "de origem imigrante", principalmente do Magreb e de outros países árabes, afirmou Ralf Jäger, ministro do Interior do estado da Renania do Norte-Westfalia,
"Entre os suspeitos também estão refugiados que chegaram no ano passado", disse Jäger, antes de informar que 14 dos 19 suspeitos identificados são do Marrocos e da Argélia.
Em 2015, a Alemanha recebeu 1,1 milhão de demandantes de asilo, um número recorde.
Jäger afirmou que na noite de ano novo, quase mil homens se reuniram diante da estação ferroviária de Colônia, onde aconteceram confrontos e foram cometidas agressões sexuais. A praça do local foi esvaziada, mas agressões continuaram, disse.
O ministro do Interior desta região advertiu, no entanto, para o risco de "estigmatizar" os estrangeiros, como deseja a extrema-direita.
No domingo, vários agressões foram registradas em Colônia contra paquistaneses, africanos e sírios, organizadas segundo a polícia nas redes sociais.
"Vemos estes fatos e o ódio da extrema-direita com muita preocupação", disse Jäger. O ministro chamou de "inaceitáveis" os erros da polícia, negou uma tentativa de ocultar informações e prometeu uma presença policial maior, assim como um número maior de câmeras de segurança.
Na Suécia, as autoridades revelaram na segunda-feira que esconderam agressões similares às registradas em Colônia, também atribuídas a estrangeiros, nas edições de 2014 e 2015 do festival We Are Sthlm, que reúne a cada ano em Estocolmo milhares de adolescentes.
População preocupada
As declarações de Ralf Jäger encerrou a confusão inicial sobre o que aconteceu em Colônia, mas ainda há muitas perguntas sem respostas: As agressões foram planejadas? Por que a polícia não atuou?
O casou aumentou as dúvidas entre os alemães sobre se o país está preparado para receber mais de um milhão de refugiados, que em 2015 entraram no país depois que fugiram de conflitos e da fome na Síria, Iraque, Afeganistão e vários países do norte da África.
Segundo uma pesquisa do canal RTL, 57% dos alemães temem o aumento da criminalidade.
Na segunda-feira, milhares de pessoas compareceram a um protesto em Leipzig (leste) contra a chegada dos refugiados.
A manifestação foi convocada pelo movimento xenófobo Pegida (Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente).
Os manifestantes, observados por um grande número de policiais, gritaram "Expulsar! Resistir!" e "Merkel deve sair".
A polícia teve que entrar em ação em um bairro considerado de esquerdas para dispersar militantes de extrema-direita que queimaram veículos e quebraram fachadas de lojas.
Colônia teve um protesto similar no fim de semana, que terminou com cenas de confrontos com a polícia.
Neste cenário e a menos de dois anos das próximas eleições, Angela Merkel deve anunciar no próximo fim de semana um novo procedimento para facilitar a expulsão de demandantes de asilo que cometem crimes, uma mudança de rumo na política para os refugiados.