A justiça argentina determinou nesta segunda-feira que o fórum federal investigue a morte do promotor Alberto Nisman, o que implica admitir a hipótese de homicídio do investigador do atentado de 1994 contra o centro judeu Amia, informou o portal do poder judiciário CIJ.
A Câmara Criminal Nacional rejeitou uma apelação do especialista em informática Diego Lagomarsino, o único acusado do caso, por haver emprestado a arma usada para matar Nisman no dia 18 de janeiro de 2015 em seu apartamento de Buenos Aires.
O sorteio de rotina fez cair nas mãos do juiz federal Julián Ercolini, um dos magistrados que liderou uma marcha à Praça de Maio em que se denunciou que Nisman havia sido assassinado, um mês depois de aparecer morto.
A hipótese considerada até então era de suicídio, mas triunfou a posição dos familiares autores da denúncia, que acreditam que Nisman tinha sido vítima de um homicídio.
"Podemos concluir que existem razões mais do que plausíveis para poder dar crédito à hipótese máxima, para supor que a morte também pode ser o resultado da atividade de terceiros no marco de sua função", havia afirmado à Câmara de Apelações no final de março, quando se pronunciou para encomendar a investigação ao foro federal.
Nisman foi encontrado no banheiro de seu apartamento com um tiro na cabeça, sem que a perícia pudesse constatar indícios da presença de outra pessoa.
Quatro dias antes, o promotor argentino havia acusado a então presidente Cristina Kirchner (2007-2015) de encobrir os ex-governantes iranianos acusados pelo ataque contra a Amia e se apresentava para declarações ante o Congresso.
A denúncia de Nisman contra Kirchner foi logo desconsiderada pela justiça.
Um dos acusados no caso é o ex-presidente iraniano Ali Rafsanjani, entre outros altos funcionários.
A ex-presidente havia impulsionado, em 2013, um acordo com Teerã para criar uma comissão internacional de juristas que investigasse o caso Amia, em que 85 pessoas morreram e outras 300 ficaram feridas.
O caso não teve detidos e os iranianos se recusam a ser interrogados, embora Kirchner tenha pedido a Teerã durante vários anos ante a Assembleia Geral das Nações Unidas.