O primeiro-ministro indiano Narendra Modi recebeu neste domingo (16) os líderes das potência emergentes que integram o BRICS para uma cúpula na qual esperam estreitar seus laços e tentar superar as dificuldades econômicas sofridas pelo bloco.
Modi e os dirigentes do Brasil, Rússia, China e África do Sul mostraram-se otimista durante a foto oficial tirada em um complexo hoteleiro do turístico Estado indiano de Goa (oeste), antes dar início às conversações.
"Creio firmemente que o desenvolvimento simultâneo do Brasil, Rússia, China, África do Sul e Índia supõe uma aposta maior para conseguir o crescimento e o desenvolvimento globais", declarou Modi em Benaulim, a cidade de Goa onde transcorre a cúpula anual.
O nacionalista hindu Modi recebe em Benaulim os presidentes brasileiro Michel Temer, chinês Xi Jinping, russo Vladimir Putin e sul-africano Jacob Zuma.
Xi Jinping, líder da segunda maior economia mundial, alertou em seu discurso que a economia global permanece em um estado precário e que o BRICS tem sido vítima de inimigos internos e internacionais.
"Por causa do impacto dos fatores internos e externos, os países do BRICS sofreram uma desaceleração em seu crescimento e enfrentam novos desafios de desenvolvimento", afirmou a seus colegas.
Já o presidente Temer, que substituiu a destituída Dilma Rousseff, tentará nesta cúpula reforçar os intercâmbios comerciais de seu país junto ao resto do gruo para tentar tirar o Brasil de sua pior recessão em meio século.
Além dos temas de cooperação econômica, o aquecimento global e a segurança regional estão na agenda da cúpula.
A Rússia também deve abordar nos debates a questão da Síria, cujo governo é apoiado por Moscou em seu combate contra os rebeldes e extremistas, apesar das críticas e denúncias da comunidade internacional.
O BRICS, cujos membros juntos somam 53% da população mundial e 16 trilhõs de dólares de PIB, foi constituído em 2011 para utilizar sua influência econômica e política conjunta como contrapeso às potências do Ocidente na gestão dos assuntos mundiais.
O grupo tem banco próprio, paralelo às instituições do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, e celebra cúpulas que rivalizam com o fórum do G7 dos países mais industrializados.
Mas o único membro do BRICS que pode se vangloriar de seus resultados econômicos é a Índia, que, segundo projeções do FMI, registrará para 2016/2017 uma expansão de 7,6%, nível equivalente ao exercício anual anterior.
O resto do grupo não pode dizer o mesmo. Rússia e Brasil caíram recentemente em recessão, uma situação que no mês passado a África do Sul conseguiu evitar por pouco.
Enquanto isso, o crescimento na China, a locomotiva da economia mundial, se viu seriamente desacelerada.
Por isso, vários analsitas expressara dúvida sobre a atual relevância do bloco em função de seus problemas econômicos.
No entanto, o site do Global Times, um importante jornal da China, advertiu contra a tentação de minimizar a importância do grupo.
"Os países ocidentais sempre são céticos frente às tentativas de cooperação entre países não-ocidentais e suas opiniões sobre a cúpula de Goa vão nesse sentido", afirma, em seu editorial.
Os primeiros intercâmbios começam a dar resultado. Na véspera, Putin e Modi assinaram contratos milionários nos âmbitos energia e defesa, em um contexto de estreitamento das relações bilaterais.
Entre os cerca de vinte acordos firmados está a venda do mais recente sistema de defesa antiaérea russo para a Índia.
Paralelo à cúpula de Goa, é realizada umna cúpula da organização BIMSTEC, que reagrupa sete nações situadas às margens do golfo de Bengala.
A chefe da diplomacia birmanesa, Aung San Suu Kyi, o primeiro-ministro de Bangladesh, Sheikh Hasina, e os dirigentes da Tailândia, Sri Lanka, Butão e Nepal participarão da cúpula para estreitar seus vínculos comerciais.