O julgamento pelo atentado de 2015 em Sousse, no qual morreram 38 turistas, começou nesta sexta-feira (26) - sob extrema vigilância - com cerca de 30 acusados. A primeira audiência durou uma hora e meia. A data da próxima será anunciada à tarde. No total, 26 pessoas são acusadas neste caso, entre elas seis membros da força de segurança por não terem prestado "assistência a pessoas em perigo".
As outras 20, todas tunisianas, têm acusações de "crimes terroristas", "homicídio" e "complô contra a segurança do Estado", segundo a Promotoria. A mesma fonte indicou que eles podem ser condenados à pena de morte, sentença prevista pela lei antiterrorista de 2015, embora esta condenação seja objeto de uma moratória na Tunísia desde 1991.
Em 26 de junho de 2015, um estudante tunisiano armado com um fuzil e granadas matou 38 turistas em um ataque ao hotel Riu Imperial Marhaba, na localidade costeira de Sousse. Trinta vítimas do atentado reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI) eram de origem britânica. Este foi o segundo dos três maiores ataques na Tunísia em 2015.
A audiência começou oficialmente em uma sala do tribunal sob extrema vigilância, com policiais armados na entrada, constatou a AFP. O advogado das famílias das vítimas, assim como dos acusados, pediram o adiamento do julgamento. Um advogado tunisiano de uma das famílias das vítimas indicou à AFP que foi comissionado "há 48 horas" pelo tribunal, mas sem conhecer a nacionalidade de seu cliente e sem saber se havia morrido ou se estava ferido.
"Pedirei que adiem [a audiência] para estudar as atas da investigação", disse Akram Barouni à AFP. Segundo as autoridades tunisianas, o autor do ataque, Seifeddine Rezgui, se radicalizou "principalmente" na Internet antes de ser treinado na Líbia. Antes da audiência, a advogada de Achraf Sandi disse à AFP que seu cliente "é acusado, entre outros, de pertencer a um grupo terrorista e de usar armas", mas "não é nem salafista, nem terrorista". O ataque também tem uma causa aberta em um tribunal de Londres.
No fim de fevereiro, em suas conclusões ao fim de várias semanas de audiências, o juiz Nicholas Loraine-Smith considerou que a polícia tunisiana havia reagido de maneira "caótica" e "covarde". "Sua resposta tinha que ser, e deveria ter sido, mais efetiva", disse.
Durante as audiências, o advogado de 20 famílias das vítimas, Andrew Ritchie, evocou um relatório tunisiano transmitido ao governo britânico que apontava para "falhas" na segurança. O chefe de Governo da Tunísia na época, Habib Essid, reconheceu em uma entrevista à BBC que a polícia demorou muito a intervir. A Grã-Bretanha continua desaconselhando as viagens não essenciais à Tunísia.