Dez políticos e empresários dominicanos, entre eles o ministro de Indústria e Comércio e o presidente do principal partido de oposição, o Partido Revolucionário Moderno (PRM), passaram nessa segunda-feira (29) a sua primeira noite na prisão, após serem detidos por suspeita de envolvimento nas propinas pagas pela Odebrecht no país. A informação é da agência EFE.
Os acusados estão na prisão do Palácio da Justiça de Santo Domingo, capital da República Dominicana, e devem ser ouvidos nesta terça-feira (30) por um juiz, que julgará os pedidos de detenção feitos pelo Ministério Público, informaram fontes judiciais.
O procurador-geral da República Dominicana, Jean Alain Rodríguez, antecipou ontem que solicitará que os acusados fiquem presos preventivamente por 18 meses. Mas esclareceu que "está na mão dos juízes aceitar ou não as solicitações do Ministério Público".
No total, há 14 envolvidos no caso. Dois deles são senadores e líderes do Partido Liberdade Dominicana. Por esse motivo, os promotores também pediram que ambos percam a imunidade parlamentar para serem detidos. Outro acusado, o engenheiro Bernardo Castellanos de Moya, está no Panamá, e o procurador Rodríguez repassou a ordem de prisão à Interpol.
O ministro de Indústria e Comércio do país, Temístocles Montás, também foi preso. Na segunda-feira, ele enviou uma carta ao presidente, Danilo Medina, colocando seu cargo à disposição e defendendo sua inocência. Mais tarde, em outro documento, pediu sua suspensão temporária da direção do Partido da Libertação Dominicana (em espanhol: Partido de la Liberación Dominicana, PLD).
Até o momento, nem o governo nem o PLD se pronunciaram sobre as cartas de Montás, que também foi ministro de Economia da República Dominicana, entre 2007 e 2016.
Também estão presos o ex-presidente do Senado e atual presidente do oposicionista Partido Revolucionário Moderno (PRM), Andrés Bautista, o ex-ministro de Obras Públicas Víctor Díaz Rúa, o ex-deputado Ruddy González, assim como vários ex-diretores de empresas estatais.
Além disso, o empresário e representante comercial da Odebrecht no país, Ángel Rondón, foi acusado como a pessoa que recebeu e distribuiu os US$ 92 milhões que a empresa pagou em propinas.
Em abril, um juiz validou um acordo entre o Ministério Público e a Odebrecht, que deve pagar US$ 184 milhões ao país, o dobro do valor pago em propinas para vencer licitações de obras públicas, em troca de que a construtora revelasse os nomes dos beneficiados e de que os funcionários da empresa não fossem acusados no país.
Graças ao acordo, os promotores receberam, há algumas semanas, informações das autoridades brasileiras sobre o caso Odebrecht.