Uma batalha política verbal entre Berlim e Washington gera crescente alarme entre executivos da Alemanha, temerosos de que isso possa ser ruim para os negócios. Em declarações em geral interpretadas como críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse em discurso no domingo que a Europa não pode mais confiar totalmente em antigos aliados.
Trupo, por sua vez, respondeu na terça-feira, pelo Twitter, quando descreveu o superávit comercial alemão com os EUA como "muito ruim para os EUA".
O episódio ocorreu após algumas reuniões tempestuosas na Europa na semana passada entre Trump e outros líderes mundiais, nas quais autoridades americanas e europeias disseram que o presidente havia criticado duramente as exportações alemãs para seu país.
A piora no ambiente político poderia se transformar em uma disputa comercial. Representantes da indústria alemã mostraram nesta semana suas reservas com o risco de problemas para os dois lados, no caso. "Os EUA estariam dando um tiro no próprio pé se fossem se isolar", comentou Anton Börner, presidente da federação BGA de exportadoras alemãs. Segundo ele, qualquer tentativa de restringir o comércio geraria uma crise no crescimento global, o que por sua vez prejudicaria muito a economia americana. Na segunda-feira, Dieter Kempf, presidente da influente federação BDI da indústria alemã, criticou a perda de apoio nos EUA ao livre-comércio.
Os laços bilaterais entre Alemanha e EUA estão entre os maiores do mundo entre quaisquer países. Embora a China tenha superado a França e os EUA como o maior parceiro comercial da Alemanha no ano passado, os EUA seguem como o maior comprador do mundo de produtos alemães, com importações de 106,9 bilhões de euros (US$ 119,9 bilhões) em 2016.
Com um mercado doméstico menor, consumo e investimentos em patamar modesto há anos, as companhias alemãs confiam bastante nas exportações para lucrar. Com isso, tarifas punitivas ou outras medidas dos EUA para conter as exportações do país seriam muito danosas para a economia do país europeu. Isso, porém, poderia prejudicar também os EUA. Autoridades alemãs têm repetido a colegas americanos que as empresas alemãs nos EUA empregam 672 mil pessoas e investem mais de US$ 300 bilhões no país. Fonte: Dow Jones Newswires.