Estados, cidades e empresas prometem liderar luta pelo clima nos EUA

Maioria dos americanos acham que os Estados Unidos devem participar do acordo
AFP
Publicado em 02/06/2017 às 18:42
Maioria dos americanos acham que os Estados Unidos devem participar do acordo Foto: Foto: AFP


Governadores, prefeituras e empresários americanos, estupefatos com a decisão do presidente Donald Trump de abandonar o Acordo de Paris, anunciaram que assumirão a luta contra as mudanças climáticas e que farão o possível para reduzir as emissões.

Uma maioria de americanos em cada estado -69% dos eleitores do país- acham que os Estados Unidos devem participar do acordo, segundo uma pesquisa recente do programa de mudanças climáticas da Universidade de Yale.

Líderes industriais e empresariais, acadêmicos e políticos opositores -assim como um punhado de republicanos- condenaram a decisão de Trump, e pequenos protestos foram feitos na frente da Casa Branca em Washington e na frente da Trump Tower em Nova York.

O ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, o oitavo homem mais rico do mundo segundo a Forbes e atual representante da ONU para mudanças climáticas, prometeu 15 milhões de dólares para apoiar os esforços da organização em sua luta contra o aquecimento do planeta. Esse é o mesmo valor que a ONU deixará de receber de Washington após a decisão de Trump.

De baixo para cima
 

"Prefeitos, governadores e líderes empresariais dos dois partidos políticos estão assinando um comunicado de apoio que submeteremos à ONU. E juntos conseguiremos as metas de redução das emissões que os Estados Unidos se comprometeram em Paris em 2015", afirmou Bloomberg em comunicado.

"Os americanos honrarão o acordo de Paris liderando de baixo para cima, e não há nada que Washington possa fazer para nos deter", acrescentou.

O jornal The New York Times noticiou que o grupo ao qual Bloomberg faz referência já conta com 30 prefeitos, três governadores, mais de 80 reitores de universidades e mais de 100 empresas.

Minutos depois do anúncio de Trump, os governadores de Nova York, Califórnia e Washington anunciaram a criação de uma "aliança pelo clima" que buscará cumprir a meta americana prometida em 2015 no acordo de Paris, assinado por todos os países do planeta menos Nicarágua e Síria.

Esse objetivo consiste em reduzir para 2025 de 26% a 28% as emissões de gases de efeito estufa, consideradas responsáveis pelo aquecimento progressivo da Terra e, consequentemente, pelo derretimento das geleiras e picos nevados, que elevam o nível dos mares e provocam eventos climáticos mais violentos.

"O anúncio do presidente hoje deixa toda a responsabilidade sobre a ação climática aos estados e cidades através do país", disse o governador de Washington, Jay Inslee.

"O mundo não pode esperar"
 

Pelo menos 83 prefeitos que representam 40 milhões de americanos -entre eles os de Nova York, Los Angeles, Boston, Houston, Seattle e Chicago- asseguraram em um comunicado conjunto que cumprirão os compromissos do acordo de Paris.

"Aumentaremos nossos esforços para cortar as emissões, criar uma economia de energia limpa e defender a justiça ambiental. E se o presidente quer romper as promessas feitas a nossos aliados (...) construiremos e fortaleceremos as relações ao redor do mundo para proteger o planeta dos devastadores riscos climáticos", disseram. "O mundo não pode esperar, e nós muito menos".

As promessas de Washington no acordo de Paris dependem em grande medida de regulamentações locais.

A prefeitura democrata de Salt Lake City (Utah), Jackie Biskupski, confirmou que se uniu ao grupo de Bloomberg.

No ano passado, sua cidade se comprometeu com 100% de energia renovável para 2032 e com uma redução de emissões de gases de efeito estufa de 80% para 2040.

"Devemos liderar onde a Casa Branca se nega a agir", disse.

A aliança tripartite dos estados de Nova York, Califórnia e Washington, que representa 68 milhões de pessoas, um quinto do PIB nacional e pelo menos 10% das emissões do país, disse que trabalhará para fortalecer programas existentes de luta pelo clima e em novos programas que reduzam as emissões em todos os setores da economia.

Os governadores de Havaí, Colorado, Oregon, Connecticut, Pensilvânia, Virgínia, Minnesota, Rhode Island, Vermont e Alasca defenderam a energia limpa em comunicados. Os governadores de Delaware e de Ohio -um republicano- criticaram a decisão de Trump.

Inclusive pesos pesados da indústria petrolífera americana, como a ExxonMobil e a Chevron, se manisfestaram em apoio ao acordo de Paris.

O gerente-executivo da gigante General Electric, Jeff Immelt, pediu no Twitter para a indústria "liderar e não depender de um governo", enquanto a General Motors assegurou que continua defendendo publicamente "a ação e a tomada de consciência sobre o planeta", segundo seu porta-voz informou à AFP.

Em seu primeiro tuíte, o presidente do banco de investimentos Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, disse que a decisão de Trump é "um revés" para a liderança americana no mundo.

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