A polícia britânica realizou novas detenções nesta segunda-feira (5) como parte da investigação do atentado de sábado (3) à noite em Londres, reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), enquanto a cidade tenta voltar a sua vida normal em um dia útil.
O atentado deixou sete mortos e 48 pessoas feridas, 21 delas em estado crítico.
Várias pessoas foram detidas em duas novas operações em Newham e Barking, bairros da zona leste da capital britânica, informou a polícia.
No domingo, a polícia londrina anunciou a detenção de 12 pessoas em Barking, um bairro multiétnico da periferia de Londres. Eram sete mulheres e cinco homens com idades entre 19 e 60 anos. Mais tarde, um homem de 55 ano foi liberado sem acusações.
De acordo com a emissora Sky News, a polícia realizou uma operação de busca no domingo na residência de um dos três autores do ataque.
O atentado aconteceu no sábado à noite no centro de Londres quando uma van atropelou várias pessoas na London Bridge, antes de bater em uma cerca próxima à catedral de Southwark, perto do Borough Market, uma área de bares e restaurantes muito frequentada por jovens.
Os três passageiros do veículo, armados com facas, desceram e esfaquearam diversas pessoas nos bares da região. O trio foi abatido pela polícia poucos minutos após o início do ataque.
Nas proximidades da London Bridge ficam o Shard, o maior arranha-céus da Europa, vários prédios comerciais e o mercado de alimentos Borough Market, que permanecia fechado nesta segunda-feira. O ambiente era um misto de resignação e tristeza.
"É assustador", declarou à AFP Jessica Bony, que como muitas pessoas não conseguiu chegar ao local de trabalho em consequência do cordão de isolamento da polícia.
"Normalmente há muito movimento, todo mundo atravessa a ponte para chegar ao trabalho. Hoje tentam trabalhar, mas o ambiente é muito diferente", constatou.
"A verdade é que toda a população de Londres, quem vive aqui, quem é daqui e quem não é, está bastante chocada", disse à AFP William Narváez, colombiano de 55 anos, que também não conseguiu chegar ao trabalho, em uma empresa de reciclagem,
A chefe de polícia Cressida Dick afirmou nesta segunda-feira à BBC que "uma prioridade absoluta é tentar compreender se agiram com outras pessoas".
Ela disse que a polícia científica obteve uma "enorme quantidade" de elementos no veículo dos criminosos.
Este foi o terceiro atentado em três meses no Reino Unido. Como os dois anteriores, também foi reivindicado pelo EI, grupo que é alvo de bombardeios aéreos britânicos no Iraque e na Síria.
As identidades dos criminosos não foram divulgadas até o momento.
A primeira-ministra Theresa May confirmou as eleições legislativas de quinta-feira para renovar a Câmara dos Comuns, no momento em que o Reino Unido negocia com os sócios europeus a saída da UE.
Um taxista que identificou apenas como Chris relatou que os três criminosos "atropelaram muitas pessoas" com uma van branca na London Bridge.
"Depois saíram do veículo armados com facas longas e atacaram as pessoas de forma indiscriminada" no Borough Market.
Eles usavam coletes de explosivos falsos para provocar mais pânico. Testemunhas afirmaram que os três homens gritavam "Isto é por Alá!".
Trinta e seis pessoas continuam hospitalizadas, 21 delas em estado crítico, segundo o NHS, o Serviço Nacional de Saúde.
Entre os mortos estão um canadense e um francês. De acordo com o governo de Paris, outro francês está desaparecido. A imprensa da Espanha informou que um cidadão do país também está desaparecido.
Sete franceses, dois alemães, um australiano e um espanhol estão entre os feridos.
Os londrinos participarão nesta segunda-feira de uma vigília em homenagem às vítimas a partir das 17H00 GMT (14H00 de Brasília).
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, pediu à população que não ficasse alarmada com o reforço da presença policial nas ruas, o que levou o presidente americano Donald Trump a acusá-lo de não levar a sério a ameaça terrorista.
"O prefeito de Londres tem coisas mais importantes a fazer que responder a um tuíte mal informado do presidente Trump", respondeu o porta-voz de Khan.
Londres foi cenário de outro ataque no fim de março, quando um veículo atropelou várias pessoas na ponte de Westminster e um homem esfaqueou várias pessoas, uma ação que terminou com cinco mortos. No dia 22 de maio, 22 pessoas morreram em um atentado suicida em Manchester ao final de um show da cantora americana Ariana Grande.
Ariana Grande retornou no domingo a Manchester e participou no show em homenagem às vítimas que, sob rígidas medidas de segurança, reuniu Justin Bieber, Coldplay, Pharrell Williams, entre outros, diante de 50.000 pessoas.
"Manchester, que o seu espírito ressoe em todo o mundo", afirmou o cantor Pharrell Williams.