Entre março e setembro de 2016 houve contatos entre membros da equipe de campanha de Donald Trump e funcionários russos, adiantou o procurador especial Robert Mueller, que investiga se houve conluio entre ambos para influenciar o resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos.
- Março 2016: o lobista Paul Manafort se une ao comitê de campanha do republicano Trump. Este influente advogado foi acusado de ter lavado, em 10 anos, 18 milhões de dólares ganhos como consultor do ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich.
- Começo de março: George Papadopoulos, que vivia em Londres, é informado de que será nomeado assessor de política externa na equipe de campanha de Trump.
- 14 de março: Papadopoulos se reúne na Itália com um "professor" que afirma ter contatos privilegiado com as autoridades russas. O homem foi identificado pelo jornal Washington Post como Joseph Mifsud, nativo de Malta e acadêmico da universidade escocesa de Stirling.
- 19 de março: o e-mail de John Podesta, diretor de campanha da democrata Hillary Clinton, é hackeado. Segundo as agências de inteligência americanas, os serviços secretos russos copiaram milhares de mensagens. Muitos desses e-mails, comprometedores alguns, foram divulgados no começo de outubro, com a proximidade da eleição presidencial de 8 de novembro.
- 24 de março: Papadopoulos volta a se reunir com o "professor" em Londres, assim como com uma russa apresentada como integrante da família do presidente Vladimir Putin.
- 31 de março: Papadopoulos assiste a uma reunião sobre segurança nacional liderada por Trump, durante a qual se enaltece de poder organizar um encontro entre Putin e o candidato republicano.
- 18 abril: Papadopoulos começa uma série de trocas por e-mails e contatos por Skype com uma pessoa em Moscou estreitamente vinculada com o ministério russo das Relações Exteriores. Trata-se de Ivan Timofeev, que trabalha em um instituto de estudos fundado pelo governo russo, segundo o Washington Post.
- 26 abril: Papadopoulos se reúne com o "professor" em Londres, que assegura que Moscou pode atrapalhar Hillary Clinton com a divulgação de e-mails.
- 27 abril: em um discurso no hotel Mayflower de Washington, Trump diz que está disposto a "reduzir as tensões" com a Rússia. O embaixador russo em Washington, Serguei Kisliak, está na sala.
- Maio: Manafort assume a direção da equipe de campanha de Trump.
- 4 maio: o interlocutor de Papadopoulos em Moscou indica um e-mail em que os funcionários do ministério russo de Relações Exteriores estão "abertos a cooperar".
- 18 maio: James Clapper, diretor de Inteligência dos Estados Unidos, admite que há suspeitas de ciberataques no contexto da campanha.
- Junho: o britânico Rob Goldstone, um amigo dos Trump, troca e-mails com Donald Trump Jr. nos quais afirma que pode ajudar a desacreditar Hillary Clinton através de expedientes comprometedores administrados por Yuri Chaika, procurador-geral da Rússia.
- 9 junho: Donald Trump Jr. e Jared Kushner, respectivamente filho mais velho e genro de Donald Trump, recebem na Trump Tower de Nova York a advogada russa Natalia Veselnitskaya, que pensam ser uma emissária do governo russo, capaz de entregar-lhes informações sobre Hillary Clinton. Esta reunião de "alguns minutos" não deu em nada, segundo o clã Trump.
- 14 junho: CrowdStrike, uma empresa americana de segurança informática, revela que dois grupos de hackers - Fancy Bear e Cozy Bear - piratearam os computadores do Partido Democrata, e afirma que esses grupos estão vinculados aos serviços de inteligência russos.
- Julho: o FBI começa uma investigação confidencial depois que os serviços de Inteligência americanos constataram comunicações intensas entre membros da equipe de Trump e altos funcionários russos.
- 7 julho: Carter Page, outro assessor do candidato republicano, pronuncia em Moscou um discurso particularmente favorável ao Kremlin. Mais tarde, e à margem da convenção do Partido Republicano, Page e outro assessor, J.D. Gordon, se reúnem com o embaixador Serguei Kisliak.
- 22 julho: site WikiLeaks começa a publicar os e-mails hackeados do Partido Democrata.
- 27 julho: Trump pede publicamente à Rússia que "encontre" os milhares de e-mails apagados por sua rival democrata de seu servidor privado.
- 4 agosto: diretor da CIA, John Brennan, adverte seu homólogo russo sobre as "graves consequências" de uma possível ingerência russa na eleição.
- 15 agosto: o superior hierárquico de Papadopoulos o "estimula" a ir a Moscou para uma reunião confidencial. A viagem não acontece. O Washington Post identifica esse superior como Sam Clovis, co-presidente da equipe de campanha de Trump.
- 19 agosto: Manafort é obrigado a renunciar como chefe da equipe de campanha após as revelações sobre os pagamentos que recebeu na Ucrânia de interesses pró-russos.
- 8 setembro: o senador Jeff Sessions, futuro secretário de Justiça de Trump, recebe o embaixador russo Kisliak em seu escritório.
- 7 outubro: WikiLeaks começa a publicar os e-mails hackeados de Podesta.
- 8 novembro de 2016: Donald Trump é eleito presidente dos Estados Unidos.