Vacina evitaria mais de 100 mil abortos espontâneos e mortes de bebês

O risco de doenças apresentado pela bactéria estreptococo B foi subestimado durante muito tempo, segundo os autores
AFP
Publicado em 06/11/2017 às 18:14
O risco de doenças apresentado pela bactéria estreptococo B foi subestimado durante muito tempo, segundo os autores Foto: David Greedy/AFP


Mais de 100.000 abortos espontâneos e mortes de recém-nascidos poderiam ser evitados em todo o mundo com uma vacina contra uma infecção comum em mulheres grávidas, sugerem estudos publicados nesta segunda-feira. 

O risco de doenças apresentado pela bactéria estreptococo B foi subestimado durante muito tempo, segundo os autores, cujo trabalho foi publicado na revista médica Clinical Infectious Diseases, e também foram apresentados na conferência anual da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene realizada em Baltimore, Maryland. 

Mais de 21 milhões de mulheres grávidas no mundo todo são portadoras desta bactéria considerada inofensiva, calculam pesquisadores da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (LSHTM). 

Hoje se sabe que este estreptococo é responsável por casos de septicemia e meningite potencialmente mortais em recém-nascidos, e que este agente patogênico é também uma causa importante de aborto espontâneo. 

No entanto, ainda não há vacinas disponíveis, lamentam os pesquisadores, cujos estudos foram financiados pela Fundação Bill & Melinda Gates. 

Vacina como solução

A análise mostra pela primeira vez que uma vacina com 80% de eficácia administrada em 90% das mulheres no mundo todo poderia evitar 231.000 casos de infecção em mulheres grávidas e recém-nascidos. 

Naturalmente presente e inofensivo no trato digestivo, o estreptococo B se torna patogênico quando migra para outros órgãos e causa apenas infecções leves, exceto em grávidas e seus fetos. 

Antes destes estudos, os dados reunidos sobre infecções em recém-nascidos com este estreptococo se limitavam aos países ricos. 

Estes últimos estudos determinaram que a infecção está presente em grávidas no mundo todo. 

Em média, 18% das mulheres que esperam um filho estão colonizadas por esta bactéria, com taxas que vão de 11% no leste da Ásia a 35% no Caribe. 

Os cinco países com os maiores números de mulheres grávidas infectadas são Índia (2,4 milhões), China (1,9 milhões), Nigéria (1,06 milhão), Estados Unidos (942.800) e Indonésia (799.100). 

A África, que conta com apenas 13% da população mundial, representa 65% de todos os abortos espontâneos e mortes de recém-nascidos como resultado desta infecção por estreptococos, revela o estudo.

Atualmente, a única prevenção é administrar antibióticos às mulheres no momento do parto para reduzir o risco para o bebê, o que evita 29.000 casos por ano, principalmente nos países ricos. 

Esta abordagem pode ser difícil em países em desenvolvimento, onde muitos partos são feitos em casa. 

TAGS
bebê aborto vacina
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory