Continuam na Catalunha as negociações e especulações sobre como será formada a Mesa do Parlamento, que é composta por sete membros e tem papel fundamental na dinâmica parlamentar da comunidade autônoma.
Nas eleições do dia 21 de dezembro, o partido Ciudadanos, que é contra a independência da região, foi o mais votado e conquistou 37 dos 135 assentos do Parlamento catalão. No entanto, mesmo se somado aos outros partidos de ideologia semelhante (57 assentos, no total), os constitucionalistas não conseguiram conquistar a maioria e não poderão, assim, indicar o presidente da Mesa.
O segundo partido mais votado foi o Junts per Catalunya, partido do ex-presidente Carles Puigdemont, que segue autoexilado na Bélgica. O JuntsXCat conquistou 34 assentos que, se somado aos 32 do partido ERC (Esquerda Republicana da Catalunha) e aos quatro assentos da CUP (Candidatura de Unidade Popular), resulta em 70, que é maioria absoluta. Dessa forma, os separatistas conquistaram o direito de indicar o próximo presidente.
Os dois partidos separatistas mais fortes (JuntsXCAt e ERC) querem seguir controlando a Mesa do Parlamento, como era no mandato passado. As negociações ainda estão em fase inicial, mas os dois partidos devem ter, cada um, dois representantes na Mesa. O Ciudadanos teria outros dois e o PSC (Partido dos Socialistas da Catalunha, que conquistou 17 assentos nas eleições) ficaria com um.
Carles Puigdemont, como representante máximo do partido separatista mais votado, poderia ser o indicado a assumir a presidência da Mesa. No entanto, ainda não sabe exatamente o que acontecerá, uma vez que ele continua na Bélgica e deverá ser preso assim que chegar à Espanha. Continua vigorando no país uma ordem de detenção contra ele.
Outra opção seria o JuntsXCat indicar um nome ou ceder a presidência para o ERC. O líder da ERC é Oriol Junqueras, que está preso cautelarmente na Espanha e deverá depor na próxima quinta-feira (4).
O partido Ciudadanos requisitou ontem (28) o direito de presidir a Mesa, por ter sido o partido com mais votos. O problema é que, para isso, precisaria de maioria absoluta em uma primeira votação e dependeria de votos de deputados independentistas, o que não será tarefa fácil.
Por outro lado, os independentistas, apesar de terem 70 assentos, contam com 8 candidatos eleitos impossibilitados de votar: são 5 autoexilados na Bélgica e 3 presos na Espanha. Este desfalque pode dificultar a governabilidade dos separatistas.
Esta semana, o JuntsXCat chegou a cogitar uma posse à distância de Carles Puigdemont, alternativa que parece muito pouco provável, uma vez que teria de ser alterado o regimento do Parlamento para que isso pudesse acontecer.