Começam conversações entre as duas Coreias

Essa é uma das suas primeiras conversações em mais de dois anos
AFP
Publicado em 08/01/2018 às 23:15
Essa é uma das suas primeiras conversações em mais de dois anos Foto: Foto: AFP


Coreia do Norte e Coreia do Sul iniciaram nesta terça-feira (08) suas primeiras conversações em mais de dois anos, informou o ministério sul-coreano da Unificação.

O encontro ocorre na localidade fronteiriça de Panmunjom, situada na zona desmilitarizada que divide a península, e começou às 10H00 local (23H00 Brasília de segunda), com uma declaração do líder da delegação de Seul.

A delegação sul-coreana chegou em comboio a Panmunjom, o mesmo local onde se firmou o cessar-fogo da guerra da Coreia (1950-1953).

Em um dos postos de controle que levam à zona desmilitarizada, um grupo de manifestantes exibiu um cartaz desejando sorte aos negociadores.

Pouco antes do início da reunião, o ministro da Unificação, Cho Myung-Gyun, afirmou que as duas partes se concentrarão na participação do Norte nos Jogos de Inverno de Pyeongchang, mas que a agenda prevê outros temas.

"Hoje abordaremos a participação da Coreia do Norte nas Olimpíadas e Paraolimpíadas de Pyeongchang, e também a questão da melhoria das relações intercoreanas", disse Cho, que lidera a delegação sul-coreana.

A Coreia do Sul também tentará discutir sobre a retomada dos reencontros das famílias separadas nas conversações intercoreanas desta semana.

"Nós nos prepararemos para conversar sobre a questão das famílias separadas e sobre a forma de reduzir as tensões militares", afirmou à imprensa o ministro Cho Myoung-Gyon.

A participação dos norte-coreanos nos Jogos, que acontecem de 9 a 25 de fevereiro, depende ainda da avaliação do Comitê Olímpico Internacional (COI).

O presidente do COI, Thomas Bach, e o membro norte-coreano da organização, Chang Ung, participam da  conversa.

A Guerra da Coreia (1950-1953) terminou com um armistício e não com um tratado de paz formal, e, por isso, as duas Coreias continuam tecnicamente em guerra.

Famílias divididas 

A questão das famílias divididas nos dois lados da fronteira é uma das consequências mais delicadas do conflito, que acabou com a divisão da península em 1953. 

Cerca de 60.000 sul-coreanos idosos continua esperando para reencontrar seus familiares do lado norte.

A delegação do Norte é liderada por Ri Son-Gwon, chefe do departamento responsável pelos assuntos intercoreanos.

As tensões entre os dois países aumentaram no ano passado, com os testes nucleares e os lançamentos de mísseis da Coreia do Norte, que assegura ser capaz de atingir com um ataque militar todo o território continental dos Estados Unidos.

Esta tentativa de aproximação acontece depois de o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, advertir, em seu discurso de Ano Novo, que o botão nuclear estava em sua mesas, ao mesmo tempo em que estendeu a mão ao sugerir que poderia enviar uma delegação aos Jogos de Inverno.

Seul respondeu com uma oferta para negociar, e na semana passada foi restabelecida a linha telefônica intercoreana, depois de quase dois anos inativa.

Também nos últimos dias, os Estados Unidos e a Coreia do Sul concordaram e adiar seus exercícios militares anuais até depois dos Jogos de Inverno, em uma aparente tentativa de acalmar os ânimos.

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