O advogado chinês Yu Wensheng, defensor dos direitos humanos, foi indiciado por "incitação à subversão" por ter convocado a organização de eleição presidencial no país - disse seu advogado à AFP nesta segunda-feira (29).
Yu Wensheng foi detido em 19 de janeiro em uma rua de Pequim, quando levava o filho para a escola, e permanecerá detido em lugar não divulgado, acrescentou seu advogado, Huang Hanzhong.
Yu, de 50 anos, foi detido por "alteração da ordem pública", de acordo com o primeiro auto de acusação.
No sábado, a Polícia de Xuzhou, na província de Jiangsu (este), acrescentou a acusação de "incitação á subversão do poder do Estado". Trata-se de um delito mais grave, passível de 15 anos de prisão.
Yu Wensheng ganhou notoriedade em 2016, após entrar com uma ação contra a prefeitura, devido à poluição atmosférica endêmica da capital.
Na véspera de sua detenção, o advogado dissidente havia divulgado uma carta aberta, na qual pedia ao governo para organizar uma eleição presidencial por sufrágio universal e com vários candidatos.
Ele se soma, assim, a uma longa lista de advogados detidos desde meados de 2015, quando teve início uma campanha contra os opositores do governo.
Em função das leis de "residência vigiada", o suspeito pode permanecer até seis meses em lugares de detenção secretos, incomunicáveis com seus familiares e advogados.
"O objetivo da residência vigiada consiste em reduzi-lo ao silêncio durante pelo menos seis meses", denunciou Patrick Poon, da Anistia Internacional.
Yu corre "um risco elevado de torturas e de maus-tratos", acrescentou Poon.
Um dos apoiadores do movimento democrático de Hong Kong em 2014, Yu afirma que, nesse ano, ficou detido por três meses e foi submetido a torturas.