Cuba protestou nesta quarta-feira (31) ante os Estados Unidos por sua "pretensão de violar de modo flagrante a soberania cubana" através de um anunciado plano de Washington para expandir o acesso à internet e aos meios de difusão independentes na ilha.
Em nota diplomática, a chancelaria cubana "expressa seu enérgico protesto pela pretensão do governo americano de violar de modo flagrante a soberania cubana, no que diz respeito à concorrência nacional para regular os fluxos de informação e o uso de meios de difusão em massa".
Havana rejeitou "a tentativa de manipular a internet para levar adiante programas ilegais com fins políticos e de subversão, como parte de suas ações destinadas a alterar ou mudar a ordem constitucional da República de Cuba".
O Ministério das Relações Exteriores da ilha entregou a nota ao encarregado de negócios dos Estados Unidos em Havana, Lawrence Gumbiner. A mesma nota foi remetida pela embaixada de Cuba em Washington ao Departamento de Estado.
Cuba assegurou que "continuará regulando o fluxo de informação como é seu direito soberano e como é prática em todos os países, inclusive os Estados Unidos".
Washington anunciou na semana passada a criação de um grupo de trabalho que iniciará reuniões em 7 de fevereiro para expandir o acesso à internet e a meios de comunicação independentes em Cuba, sob governo comunista há mais de cinco décadas.
A iniciativa responde à nova política de Washington com relação a Cuba sob o governo de Donald Trump, que reverteu a aproximação iniciada pelo antecessor, Barack Obama.
Em 2014, segundo uma denúncia jornalística, uma rede para jovens cubanos chamada "Zunzuneo" - similar ao Twitter e lançada por uma agência americana - buscava ser usada para "promover ações contra a ordem interna do país". Washington negou estas acusações.
De acordo com cálculos oficiais, 40% dos 11 milhões de cubanos acessam a internet e o fazem por redes físicas ou wifi zones. A estatal Empresa de Telecomunicações de Cuba (Etecsa) planeja comercializar este ano o serviço de internet de telefones celulares.
Os Estados Unidos e Cuba atravessam o mais delicado momento de suas relações desde que os dois países restabeleceram plenamente suas relações diplomáticas em 2015, depois de meio século de ruptura e desconfiança.
No ano passado, a partir da crise provocada pelos alegados "ataques acústicos" contra funcionários americanos em Cuba, o Departamento de Estado reduziu à metade o pessoal de sua embaixada em Havana e suspendeu a emissão de vistos, ao mesmo tempo em que expulsou 17 diplomatas da representação cubana em Washington.