Um jovem americano assassinou 17 pessoas na quarta-feira (14), dia de São Valentim, em sua antiga escola em Parkland, ao norte de Miami, na Flórida.
Este foi um dos piores ataques a tiros na história dos Estados Unidos e as razões ainda não foram explicadas.
Nikolas Cruz, americano de 19 anos, confessou ser o autor do ataque a tiros.
Nascido em 24 de setembro de 1998 em Margate, na Flórida, Nikolas Jacob Cruz foi adotado após nascer, junto com seu irmão Zachary, pelo casal Roger e Lynda Cruz.
Os vizinhos descreveram um menino de comportamento difícil e às vezes violento, limítrofe do autismo.
Foi expulso da escola no ano passado por problemas de conduta, segundo a direção. Alguns alunos evocam uma briga com o novo namorado de sua ex-namorada, ou por ter levado facas para o colégio.
"Era estranho", contou à AFP Manolo Álvarez, um sobrevivente de 17 anos.
A foto divulgada pela Polícia mostra um adolescente branco, de cabelos castanhos curtos e olhos claros, e com o rosto coberto de sardas.
A morte de seu pai adotivo em 2004 e depois de sua mãe adotiva no fim de 2017 o marcaram. Morava desde então com a família de um ex-colega de classe e tinha seu próprio quarto.
O prefeito do condado de Broward (onde está Parkland), Beam Furr, disse que Cruz havia sido tratado por um tempo em uma clínica para doentes mentais, mas que não havia voltado em mais de um ano.
Nesta sexta-feira, o FBI admitiu que recebeu uma advertência detalhada no mês passado sobre a posse de armas de Cruz, seu "comportamento errático", seus comentários nas redes sociais, assim como "seu potencial para atacar uma escola". A agência agora admite que falhou em responder adequadamente.
O líder de um grupo supremacista branco, localizado no norte do estado, afirmou que Cruz militou nele.
O jovem, acusado na quinta-feira de 17 assassinatos com premeditação, não deu nenhuma explicação sobre as razões de seu ato.
Nikolas Cruz chegou na quarta-feira pouco depois das 14h15 locais (17h15 de Brasília), horário de saída das aulas, à sua antiga escola, Marjory Stoneman Douglas, um edifício com 3.000 alunos. De sua bolsa pegou um fuzil de assalto AR-15 e durante seis minutos disparou rajadas nos corredores do local, provocando 17 mortes e mais de uma dúzia de feridos. Depois soltou sua arma e se aproveitou da situação para se misturar entre os alunos evacuados e fugir.
Foi detido uma hora e meia mais tarde pela Polícia em uma urbanização vizinha, depois de ter comprado uma bebida e de parar em um McDonald's.
Entre as 17 vítimas estão alunos, mas também um professor e treinadores.
Nicholas Dworet (17 anos), Joaquín Oliver (17 anos, imigrante venezuelano), Gina Montalto (14 anos), Carmen Schentrup (16 anos), Meadow Pollack (18 anos), Peter Wang (15 anos), Luke Hoyer (15 anos), Alaina Petty (14 anos), Jaime Guttenberg (14 anos), Martin Duque Anguiano (14 anos), Alyssa Alhadeff (14 anos), Helena Ramsay (17 anos), Cara Loughran (14 anos), Alexander Schachter (14 anos), Aaron Feis (37 anos, treinador adjunto da equipe de futebol americano e segurança), Scott Beigel (35 anos, professor de Geografia), Christopher Hixon (49 anos, treinador da equipe de luta).
Apaixonado por armas - como demonstram várias fotos em uma conta no Instagram atribuída a ele -, Nikolas Cruz havia comprado legalmente seu fuzil semiautomático Smith&Wesson M&P15 em fevereiro de 2017 em uma loja de armas em Coral Springs, comunidade vizinha a Parkland, na Flórida.
A AR-15 é uma das armas mais vendidas nos Estados Unidos e foi usada em vários outros ataques a tiros: na escola Sandy Hook (26 mortos) em 2012, em San Bernardino (14 mortos) em 2015, em Orlando (49 mortos) em 2016 e em Las Vegas (58 mortos) em 2017.
É uma versão civil do fuzil militar M-16 e seu preço começa em 500 dólares.