Londres terá um futuro tecnológico brilhante após o Brexit colaborando estreitamente com outras cidades europeias, mas o governo deveria se abrir mais à imigração, disse à AFP o prefeito da capital britânica Sadiq Khan.
Em uma entrevista pela London Tech Week, considerada a maior feira tecnológica da Europa, que ocorre até 17 de junho, Khan explicou que Londres deve "colaborar" com outras cidades europeias, embora seu futuro esteja fora da União Europeia.
Quase três semanas após o presidente francês Emmanuel Macron ter recebido 60 líderes da indústria em uma feira em Paris, inclusive o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, a London Tech Week atrairá 50 mil participantes.
"Eu amo Paris, amo Berlim, amo Barcelona, amo Frankfurt, outras cidades da Europa", disse o prefeito.
"Não devemos nos ver como concorrentes, sempre competindo. É claro, às vezes competimos, mas devemos colaborar, trabalhando de perto".
Khan insistiu que Londres continuará a ser um destino acolhedor após o Brexit, para manter sua tradição de atrair de talentos.
"A abertura de Londres será sempre um dos nossos pontos fortes, nossa diversidade, e se você mora na França, na Alemanha, na Polônia, na Itália ou na Espanha e quer desenvolver seu potencial, continuaremos a ser um lugar acolhedor".
Mesmo assim, Khan pediu para relaxar as condições para obter um visto.
"O processo de visto para não-europeus é muito inadequado (...) Mas também precisamos facilitar a chegada de pessoas talentosas da UE a Londres".
Como parte da feira de tecnologia, o governo de Theresa May anunciou na quarta-feira a criação de 1.600 novos empregos e investimentos privados no valor de 2,3 bilhões de libras no setor.
Essas medidas "permitirão que empresas inovadoras invistam em seu futuro e no do Reino Unido, contratando pessoas mais talentosas, expandindo seus negócios e exportando sua experiência em todo o mundo", disse May em um comunicado.
O governo também planeja criar um visto especial para empreendedores de tecnologia.
Segundo o governo conservador de May, as empresas de tecnologia britânicas atraíram investimentos de 7,8 bilhões de dólares no ano passado, mais que os 6 bilhões da Alemanha e da França juntas.
"Londres sempre foi um lugar aberto ao talento. Há mil anos, antes mesmo de a UE existir", disse Khan.
Isso não vai mudar, você pode vir aqui estudar, fazer turismo, trabalhar, investir".
Khan, que apoiou a permanência na UE no referendo de junho de 2016, espera que o país supere as tormentas do Brexit.
O período de transição acordado com Bruxelas, que continuará após a saída da UE, e que será estendido, em princípio, até 2020, poderá ser ampliado ainda mais, segundo Khan.
"A boa notícia é que ainda há um longo caminho a percorrer até o fim do período de transição (...). Nós não vamos cair no vazio em março de 2019, será estendido pelo menos até dezembro de 2020, e talvez mais".