O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusou o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, de ordenar um golpe de Estado contra seu governo, após o funcionário manifestar seu apoio aos protestos da oposição previstos para esta quarta-feira (23).
"O que fez o governo dos Estados Unidos através do vice-presidente Mike Pence, de dar ordens para a execução de um golpe de Estado fascista (...), não tem precedentes na história das relações entre Estados Unidos e Venezuela em 200 anos", disse Maduro nesta terça-feira em mensagem à Nação.
Maduro ordenou ao chanceler Jorge Arreaza que faça "uma revisão total das relações" com os Estados Unidos para tomar decisões nas próximas horas de "caráter político e diplomático" em defesa da Venezuela.
O ministro de Comunicação da Venezuela, Jorge Rodríguez, já havia acusado Pence de mandar "terroristas" promoverem atos de violência na manifestação opositora desta quarta para desestabilizar o governo.
De acordo com Rodríguez, alguns dos 27 militares presos nessa segunda (21) por se voltarem contra Maduro confessaram ter entregado parte das armas que roubaram a ativistas opositores "para que executem atos de violência, deixem feridos e mortos na manifestação".
O ministro se referiu a esses ativistas como "civis pertencentes à célula terrorista Vontade Popular", partido do líder opositor Leopoldo López e do presidente do Parlamento, Juan Guaidó.
O plano previa que pessoas trajando uniformes militares "eventualmente disparassem contra a manifestação opositora".
"Para quê? Para cumprir as ordens de Mike Pence", garantiu.
Pouco antes, Pence havia expressado seu apoio às manifestações opositoras que exigem um governo de transição e eleições.
O ministro detalhou que das 51 armas roubadas na véspera pelo grupo de militares 11 não foram recuperadas e seriam usadas para atentar contra a manifestação opositora.
Também lembrou de atos de violência ocorridos durante protestos no ano passado, pelos quais o governo responsabiliza alguns líderes opositores e que, segundo disse, pretendiam derrubar o governo.
A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, também acusou Pence, afirmando que ele "agora pretende vir governar a Venezuela dando instruções do que se fazer amanhã na Venezuela, pedindo abertamente um golpe de Estado".
"'Yankee go home', não vamos a permitir que se intrometam nos assuntos da pátria", prosseguiu.