A cápsula Crew Dragon da SpaceX pousou com sucesso nesta sexta-feira (8) no Oceano Atlântico depois de mais de seis dias no espaço, pondo fim à sua missão teste para a agência espacial americana Nasa, que planeja retomar os voos tripulados.
Dessa forma, a SpaceX conseguiu demonstrar que sua cápsula é segura para os astronautas, o principal objetivo desta missão.
A Dragon acionou seus propulsores quando sobrevoava o Sudão a 410 km de altura e separou-se da Estação Espacial Internacional (ISS). Às 12H50 GMT (09h50 de Brasília), o veículo abandonou sua órbita e iniciou a entrada na atmosfera, dando início à fase mais complicada da missão, que faz a temperatura subir até níveis altíssimos.
A cápsula a amerissou em frente ao litoral da Flórida às 13h45 GMT (10h45 de Brasília).
O escudo térmico resistiu, mas no barco que a recuperou, a Dragon parecia um "marshmallow na brasa", segundo a engenheira da SpaceX Kate Tice.
"Boa amerissagem da Dragon confirmada!", tuitou a conta da SpaceX. "Muito boa abertura dos paraquedas", confirmou Benji Reed, diretor das missões tripuladas da companhia americana.
O administrador da Nasa, Jim Bridenstine, comemorou imediatamente "uma nova grande etapa de uma nova era dos voos espaciais tripulados", enquanto chegavam as primeiras mensagens de felicitação, incluindo da Agência Espacial Europeia.
O chefe da agência espacial russa, Roskosmos, enviou suas felicitações pelo Twitter a seus "queridos colegas Jim Bridenstine e Elon Musk", o fundador e CEO da SpaceX.
O ex-presidente Barack Obama lembrou que foi o seu governo que lançou a privatização do transporte de astronautas. "Investimos no programa de transporte privado para fortalecer o programa espacial americano a longo prazo. É ótimo ver isto se concretizar", escreveu.
No domingo, a nave se acoplou automaticamente à Estação Espacial Internacional (ISS), a mais de 400 quilômetros sobre a superfície da Terra.
Pouco mais de duas horas depois, os três membros da tripulação da ISS, a americana Anne McClain, o canadense David Saint-Jacques e o russo Oleg Kononenko, abriram a escotilha da cápsula e, pela primeira vez, entraram nela.
Em seu interior encontraram o único "tripulante" da nave, um manequim apelidado de Ripley, instalado em um assento, e uma bola de pelúcia representando o planeta azul.
Mas da próxima vez, se tudo correr bem, dois astronautas americanos estarão a bordo da Dragon, para uma ida e volta à ISS antes do final do ano, segundo a Nasa.
"Nosso futuro no espaço é muito brilhante", disse McClain na ISS.
Desde o final do programa de ônibus espaciais em 2011, após 30 anos de serviço, somente os russos transportam pessoas em viagens de ida e volta à ISS.
A SpaceX fez essa viagem uma dúzia de vezes desde 2012, mas carregando apenas suprimentos para reabastecer a estação. Transportar humanos para lá requer assentos, um ar respirável em uma cabine pressurizada, uma temperatura regulada para os passageiros e, é claro, sistemas de emergência.
Resta saber quando ocorrerá o primeiro voo tripulado da Dragon.
Em junho será testado o sistema de evacuação da cápsula em voo: o foguete decolará sem humanos e depois de alguns minutos, simulando um incidente, a cápsula se ejetará com seus próprios motores para se separar e voltar com segurança.
A Nasa poderá programar o primeiro voo tripulado, "mais para frente neste ano", disse nesta sexta Steve Stich, oficial adjunto de programas da agência espacial.
"Não vimos nada nesta missão, até agora e na espera da análise de dados, que nos impediria de lançar a missão tripulada este ano", acrescentou.
A Nasa se dispõe assim, pela primeira vez, a confiar a empresas privadas o transporte de seus astronautas.
A Boeing também ganhou um contrato e está desenvolvendo sua própria cápsula, a Starliner, que será testada em poucos meses.
A agência espacial americana já não é proprietária de naves nem foguetes, e compra os serviços por preços fixos: 2,6 bilhões de dólares por seis missões tripuladas de ida e volta no caso da SpaceX, de acordo com um contrato assinado em 2014, ao qual se somam os contratos de desenvolvimento das naves por 600 milhões.
Com a Dragon e a Boeing Starliner - que ainda não foi testada -, a Nasa não dependerá mais da Rússia para voar para a ISS.
Mas Elon Musk parece mais interessado em uma exploração mais distante do Sistema Solar.
No sábado, ele voltou a expor seu sonho: "Devemos ter uma base na Lua. Uma base humana permanentemente ocupada na Lua, e enviar pessoas a Marte e construir uma cidade em Marte".