Uma greve geral, com paralisação completa dos transportes públicos, afeta nesta quarta-feira (29) o presidente argentino Mauricio Macri, em meio à campanha em que tenta sua reeleição e sob pressão pela crise econômica, com inflação de quase 50% e aumento da pobreza.
Convocada pelas principais centrais sindicais, a greve paralisou o metrô de Buenos Aires, assim como os trens, ônibus e o transporte de carga, além das escolas e universidades e os bancos. Os hospitais atendem apenas emergências.
No início da manhã, as ruas estavam praticamente vazias, com poucos estabelecimentos comerciais abertos.
"A população é refém da existência ou não do transporte. Vimos isto na paralisação anterior, durante a qual o transporte funcionou e as pessoas compareceram em massa ao trabalho", reclamou o ministro dos Transportes, Guillermo Dietrich.
Os sindicatos não anunciaram passeatas, mas grupos de esquerda organizaram bloqueios em estradas, nas vias de acesso à capital. A polícia foi mobilizada para evitar o bloqueio total do trânsito.
"A paralisação será efetivo porque as exigências não recebem resposta nem atenção do governo", declarou Hugo Moyano, do poderoso sindicato dos caminhoneiros.
"Há muita discordância com o governo. Muitos trabalhadores votaram neste governo porque iria retirar o imposto sobre o trabalho (sobre a renda) e acreditaram nisso, mas hoje não voltarão a se equivocar", completou o líder sindical, que apoia a chapa eleitoral de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, do peronismo de esquerda.
Os sindicatos desejam aumentos salariais alinhados com o índice inflacionário de 55% por ano e protestam contra o aumento do desemprego, que em 2018 fechou com índice de 9,1%. A pobreza afeta 32% da população.
Esta é a quinta greve geral que Macri enfrenta desde que assumiu a presidência em dezembro de 2015 com a coalizão de centro-direita Mudemos.
A paralisação mais recente aconteceu em 30 de abril.
A Argentina entrou em recessão em 2018, após duas corridas cambiais que provocaram o aumento da inflação e levaram o governo de Macri a assinar um acordo para receber ajuda de 56 bilhões de dólares do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em troca, a Argentina se comprometeu a alcançar o equilíbrio fiscal em 2019 e superávit em 2020. O plano de ajuste é rejeitado pelos sindicatos.
Macri está caindo nas pesquisas para as eleições de outubro, enquanto cresce a imagem da ex--presidente Cristina Kirchner, alvo de uma dezena de processos judiciais por acusações de corrupção e que decidiu não disputar a presidência, optando pela candidatura à vice-presidência na chapa de seu ex-chefe de gabinete Alberto Fernández.