O líder opositor Juan Guaidó denunciou nesse sábado (29) como um crime a morte de um militar detido na Venezuela, acusado de participar de um suposto plano de "golpe de Estado" que contemplaria o assassinato do presidente Nicolás Maduro e disse que levará o caso à ONU.
"Não há palavras para descrever este fato abominável (...) Continuamos obtendo informação sobre este crime", escreveu Guaidó no Twitter, ao avalizar a denúncia de uma ativista de direitos humanos sobre a morte por tortura na madrugada desse sábado do capitão de corveta Rafael Acosta Arévalo, um dos treze detidos pelo suposto complô.
Guaidó, chefe do Parlamento de maioria opositora e reconhecido como presidente interino da Venezuela por meia centena de países, divulgou uma denúncia de Tamara Sujú, advogada venezuelana asilada na República Tcheca.
"Estabelecemos contato imediato com a família e a comissão (da) ONU na Venezuela. Dei instruções (...) para fazer chegar a denúncia a governos e especialmente à Alta Comissária" das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
Na semana passada, Bachelet visitou durante três dias o país caribenho e defendeu a libertação de opositores detidos, que segundo a ONG Foro Penal, chegam a 800.
De acordo com Sujú, Acosta foi apresentado em tribunais na sexta-feira "em cadeira de rodas, apresentando graves sinais de torturas".
"Não falava, só pedia socorro a seu advogado. Não entendia, nem escutava bem (...), não conseguia se mexer (...), só dizia: 'Socorro, socorro'", declarou a ativista de direitos humanos, que culpou funcionários da Direção de Contrainteligência Militar pelos fatos.
O governo Maduro não informou a morte denunciada por Guaidó. Acosta constava da lista de 13 detidos divulgada na quinta-feira pelo ministro de Comunicação e Informação, Jorge Rodríguez, que vinculou o caso a Guaidó.
"Não são hipóteses, são evidências", disse então Rodríguez em uma declaração transmitida pela emissora estatal de televisão VTV, na qual difundiu vídeos e gravações de conversas por telefone sobre o planejamento do "plano golpista", bem como "confissões".
Guaidó, que insistentemente solicita à Força Armada para deixar de apoiar Maduro, pediu aos militares que não permaneçam "indiferentes".
"Absolutamente ninguém pode permanecer indiferente diante deste horror e muito menos os homens e as mulheres da Força Armada (...) Família militar: não estão sós, haverá justiça", prometeu.
A cúpula militar costuma expressar "lealdade absoluta" a Maduro.